Sábado, 08 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 30 de abril de 2022
Nesta semana, a farmacêutica Moderna solicitou à FDA, agência regulatória dos Estados Unidos, o aval para aplicação da versão pediátrica de sua vacina contra a Covid-19 para bebês a partir de 6 meses de idade no país. A Pfizer também já deu início ao envio de dados para o órgão em fevereiro, mas espera informações sobre a eficácia de uma terceira dose nesse público.
No mundo, ao menos oito países já imunizam crianças com menos de 5 anos, utilizando as vacinas Soberana 02, o imunizante do laboratório Sinopharm e a CoronaVac – que no Brasil tem o pedido para aplicação em crianças a partir de 3 anos sob análise da Anvisa.
Especialistas explicam que a autorização para o imunizante produzido pelo Instituto Butantan é a única perspectiva a curto prazo de ampliação da faixa etária na campanha de vacinação contra a Covid-19 no País. As vacinas para os menores dessa idade não devem chegar aos braços dos brasileiros antes do fim do ano, uma vez que o imunizante da Pfizer para esse público, até mesmo nos Estados Unidos, deve demorar ao menos dois meses para receber um aval.
Recentemente, o imunologista responsável pela resposta da Casa Branca contra a Covid-19, Anthony Fauci, disse em entrevista à CNN que o órgão regulatório americano deve esperar até junho para analisar junto o pedido da Moderna com os novos dados enviados pela Pfizer de uma terceira dose para os pequenos. Isso porque estudos indicaram que, assim como acontece para os mais velhos, apenas duas doses do imunizante também ofereceram uma eficácia reduzida contra a Ômicron na faixa etária de 6 meses a 5 anos.
Procurada, a Pfizer disse não ter ainda previsão para iniciar a submissão desses dados no Brasil. O Ministério da Saúde informou que aguarda a análise da Anvisa para avaliar a inclusão de novos públicos e imunizantes no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.
Ampliação
Os especialistas destacam que, embora o cenário epidemiológico atual inspire um maior relaxamento em relação à Covid-19, é imprescindível que eventualmente os imunizantes cheguem também aos bebês de 6 meses até as crianças de 4 anos.
“Esse grupo é extremamente suscetível a infecções virais, e isso é esperado porque é um período em que eles estão em maturação imunológica, então o sistema ainda está em formação. Antes dos seis meses, tem a proteção da passagem de anticorpos da mãe para o filho, tanto pelo cordão umbilical, como pela amamentação, mas depois isso diminui. Por isso, essa é uma época conhecida pelas viroses”, explica o doutor em imunologia e pesquisador departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Gustavo Cabral.
A pediatra Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), destaca que a flexibilização atual graças à melhora do cenário epidemiológico precisa vir acompanhada da manutenção dos esforços para combater o vírus e do cuidado com aqueles que ainda não têm acesso aos imunizantes.
“Nós flexibilizamos (as medidas) porque graças à vacinação estamos protegidos. Só que junto com essa liberação a gente leva essas crianças que ainda não foram vacinadas. E como a circulação não é zero, essas crianças que não estão vacinadas e acompanham os que estão vacinados passam a ser um grupo de maior risco, sem dúvida”, afirma a pediatra.
Eles afirmam que, embora a mortalidade seja de fato reduzida nesse público, os números de internações e casos graves ainda são muito maiores que os causados por outros vírus respiratórios, e lembram que as vacinas também ajudam a impedir sequelas conhecidas como Covid longa.
“Além do risco de morte, a gente precisa levar em consideração o dano que a Covid pode causar no corpo. Esse vírus tem uma característica que a maioria dos vírus não tem, ele infecta praticamente todas as partes do nosso corpo”, explica Cabral.