Sexta-feira, 19 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de setembro de 2025
A Câmara dos Deputados vai votar em regime de urgência uma proposta de anistia para pessoas que desafiaram a decisão que a maioria dos eleitores brasileiros tomou em outubro de 2022. O presidente da Casa, Hugo Motta, indicou como relator da proposta o deputado Paulinho da Força, do Solidariedade. Motta afirmou que existem, na Câmara, visões distintas sobre o 8 de janeiro de 2023.
Os crimes cometidos naquele domingo no Congresso, na Praça dos Três Poderes, no Supremo Tribunal Federal e no Palácio do Planalto caminham na Câmara dos Deputados para ganhar penas menores. A sessão foi marcada por um debate intenso.
“Ao votarem na anistia, os senhores estão sendo cúmplices de um golpe de Estado continuado, que nunca parou de escalar. Hoje é um dia de vergonha deste Parlamento. Hoje é um dia em que o Parlamento se abraça à covardia. Está faltando postura, está faltando uma atitude firme. Os senhores que votarem essa urgência não estão conciliando nada, não estão construindo caminho de pacificação”, disse o deputado Lindbergh Farias (PT – RJ).
“Nós não queremos enfrentamento de instituições — nós valorizamos todas as instituições —, mas também é claro que nós não vamos abaixar a cabeça e ficar silentes para um julgamento injusto, um julgamento político, que persegue opositores de alguns que, ao invés de praticarem justiça, decidiram fazer vingança com a caneta de magistrados”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
A urgência passou por 311 votos a favor, 163 contrários e 7 abstenções. Ao anunciar o resultado, o presidente da Câmara Hugo Motta, do Republicanos, pediu atenção ao plenário: “Temos na Casa visões distintas e interesses divergentes sobre os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023. Cabe ao Plenário, soberano, decidir”.
Durante o tempo todo o clima foi de divisão. PT, PSOL, PDT, PSB, PCdoB, PV e Rede votaram contra o projeto. PL, Avante, Novo, PRD e Cidadania votaram fechados a favor. Partidos do Centrão foram definitivos para a aprovação da urgência.
O pedido de urgência foi aprovado para o projeto do deputado Marcelo Crivella, do Republicanos, que anistia todos os que participaram ou apoiaram manifestações com motivação política e ou eleitoral do dia 30de outubro de 2022 até a data em que a lei entrar em vigor. Mas, segundo Hugo Motta, o texto servirá apenas como referência porque há acordo para mudá-lo.
No início da manhã dessa quinta-feira (18), Motta chamou o deputado Paulinho da Força, do Solidariedade, para uma conversa na residência oficial da presidência da Câmara. Pouco depois, anunciou em uma rede social que ele será o relator do projeto.
Na primeira entrevista após o anúncio, Paulinho da Força não adiantou qual será a posição do relatório sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27anos por tentar um golpe de Estado e que o PL, partido de Bolsonaro, quer ver anistiado.
Paulinho da Força não falou em anistia. Segundo ele, a espinha dorsal será manter punição aos culpados, com redução nas penas.
“A gente tentar construir um projeto que não seja nem tanto a direita, nem tanto a esquerda, mas que a gente possa pacificar o país. Um projeto meio termo. A partir de agora vou conversar com todos, tenho uma relação aqui histórica, tenho 19 anos de Casa, conheço todo mundo aqui, trabalhei tanto com a esquerda quanto com a direita. Vou conversar tanto com a esquerda quanto com a direita, e com o Centro especialmente, para a gente construir então um projeto a partir de agora e tentar votar o mais rapidamente possível para a gente poder, a partir daí, ter um país mais pacificado.”