Segunda-feira, 23 de junho de 2025

Designada para caso das joias milionárias, procuradora é casada com vereador bolsonarista e pode não assumir investigação; entenda

 

Casada com um vereador de Campinas (SP) apoiador de Jair Bolsonaro (PL), a procuradora da República Gabriela Saraiva de Azevedo Hossri foi designada para a investigação sobre as joias de R$ 16,5 milhões que o governo do ex-presidente tentou trazer ilegalmente ao Brasil. Ela, no entanto, pode não assumir o caso.

Conforme o Ministério Público Federal (MPF), Gabriela Hossri, que é da Procuradoria de Guarulhos (SP), já havia pedido, em janeiro, remoção (transferência) para Osasco. A mudança para a cidade vizinha foi publicada em Diário Oficial da União em 7 de março. Como a procuradora está em férias, a tendência é que mude de procuradoria quando voltar. Ou seja, antes de assumir de fato as investigações.

O MPF confirmou já ter começado a analisar toda a documentação enviada pela Receita Federal sobre as joias. Um procurador substituto cuida dos procedimentos.

Direitista

O vereador Nelson Hossri já postou fotos e vídeos com o ex-presidente durante a gestão dele e com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). Ele afirma, no entanto, que nunca foi o símbolo do bolsonarismo, mas de pautas da direita. “Defendo e participo dos movimentos de direita em Campinas desde 2015. Optar em apoiar Bolsonaro é um direito meu. Me identifico mais com suas pautas do que com as pautas da esquerda. Ponto”, disse em nota.

Mais reservada nas redes, a procuradora da República mantém um perfil no Twitter com apenas um post desde 2019. Em 15 de junho daquele ano, respondeu a um tweet do senador Sérgio Moro (União Brasil), quando ele ainda era ministro de Bolsonaro.

Gabriela Hossri foi aprovada no concurso público para Procuradora da República em 2012. No posto, atua, sobretudo, em investigações e processos na área criminal. A procuradora começou a atuação no Ministério Público Federal de Altamira (PA), depois passou pelas Procuradorias da República nos municípios de Viçosa (MG), Passos (MG) e Pouso Alegre (MG) e desde outubro de 2020 atua no 5º ofício da Procuradoria da República de Guarulhos.

Depoimentos

No âmbito da Polícia Federal (PF), a expectativa é que os depoimentos comecem nesta semana. Em outubro de 2021, uma comitiva do governo Bolsonaro, liderada pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, voltava de uma viagem oficial à Arábia Saudita.

Ao passar pela alfândega do aeroporto de Guarulhos, um assessor de Albuquerque, que havia optado pela fila do “nada a declarar”, foi parado por agentes da Receita. Os fiscais descobriram que o assessor carregava joias na mochila. Os itens são avaliados em R$ 16,5 milhões.

Os fiscais descobriram que o assessor carregava joias na mochila. Os itens são avaliados em R$ 16,5 milhões. Albuquerque disse que eram um presente do governo saudita para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Para entrar legalmente com as joias no país, a comitiva deveria ter declarado os itens e pagado imposto.

Ou então, deveria ter listado os itens como um presente de Estado. Nessa hipótese, as joias ficariam com a União, e não com a família Bolsonaro. Como nada disso foi feito, as joias ficaram retidas na Receita. O governo Bolsonaro tentou diversas vezes retirar os itens de lá, sem pagar o que era devido. Entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2016 fixou que joias recebidas como presente por presidentes não são acervo pessoal, e sim patrimônio do Estado brasileiro.

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