Quinta-feira, 28 de março de 2024

Em novo mapa da Via Láctea, missão Gaia revela “terremotos estelares”

A missão Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), divulgou sua terceira leva de dados do projeto que busca desenvolver o mapa mais completo da Via Láctea. Entre os destaques revelados está a detecção de “terremotos” em milhares de estrelas da nossa galáxia.

Esses fenômenos são marcados por pequenos movimentos na superfície de cada estrela e são capazes de mudar as formas dos astros. “‘Terremotos estelares’ nos ensinam muito sobre estrelas, principalmente seu funcionamento interno. Gaia está abrindo uma mina de ouro para ‘asterosismologia’ de estrelas massivas”, comenta Conny Aerts, membro da missão da ESA, em comunicado.

Embora a empreitada espacial não tenha sido criada para detectar esses “terremotos”, ela encontrou vibrações inclusive em estrelas que raramente foram vistas antes. A teoria mais atual diz que nenhum tremor deveria ocorrer nesses astros, mas a detecção revelou exatamente o contrário.

No maior mapa da Via Láctea com movimentos 3D, a missão Gaia obteve detalhes de quase 2 bilhões de estrelas. Entre eles, estão informações de composição química, temperatura, cor, massa, idade e ainda a velocidade com que os astros se aproximam ou se afastam da Terra (velocidade radial).

Os astrônomos da missão detectaram também o maior catálogo já feito de estrelas binárias, além de subconjuntos estelares especiais, como aquelas que mudam de brilho ao longo do tempo. Foi possível obter ainda dados de milhares de objetos do Sistema Solar, como asteroides, luas e de milhões de galáxias e quasares fora da Via Láctea.

Algumas das estrelas detectadas por Gaia contêm mais metais pesados do que outras. Enquanto algumas são de material primordial, há astros como o Sol, feitos de matéria enriquecida por gerações estelares anteriores.

“Nossa galáxia é um belo caldeirão de estrelas”, compara Alejandra Recio-Blanco, do Observatoire de la Côte d’Azur, na França. Para a especialista, que colaborou com equipe de Gaia, essa diversidade é extremamente importante, porque nos conta a história da Via Láctea.

Muitas das informações do observatório espacial Gaia vieram de dados de espectroscopia recém-lançados, uma técnica na qual a luz das estrelas é dividida em suas cores constituintes, assim como acontece em um arco-íris.

“Ao pesquisar todo o céu com bilhões de estrelas várias vezes, Gaia é obrigada a fazer descobertas que outras missões mais dedicadas perderiam”, afirma Timo Prusti, cientista do Projeto Gaia na ESA. “Esse é um de seus pontos fortes e mal podemos esperar que a comunidade de astronomia mergulhe em nossos novos dados para descobrir ainda mais sobre nossa galáxia e seus arredores do que poderíamos imaginar.”

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