Terça-feira, 05 de novembro de 2024

Embaixador da Argentina no Brasil permanecerá no cargo mesmo com a mudança de governo

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, anunciou que irá manter o peronista Daniel Scioli como embaixador argentino no Brasil. Ex-vice-presidente e governador de Buenos Aires, Scioli chegou a lançar pré-candidatura a Presidência pela coalizão derrotada pelo ultraliberal no segundo turno.

Scioli chegou em 2020 ao Brasil como escolha do atual presidente, Alberto Fernández, para aproximar Buenos Aires do governo de Jair Bolsonaro. Agora, o embaixador tem também a missão de aproximar governos cujos mandatários não têm afinidade: Milei e Lula.

Questionado por jornalistas se tinha conversado com Milei após o resultado da eleição, Scioli disse: “Eu agradeci a ele pela confiança.”

O embaixador também comentou sobre a importância de manter a relação entre os dois países. “A gente tem que focar no fluxo de intercâmbio comercial, de investimentos. Eu sinto que essa é uma grande agenda”, pontuou.

Durante a campanha eleitoral, Milei fez ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre outras coisas chamando-o de “corrupto” e “comunista”, além das promessas de retirar a Argentina do Mercosul.

Na ocasião, Lula apoiou o candidato governista Sergio Massa, derrotado por Milei. O petista é amigo e aliado político de Alberto Fernández, presidente da Argentina que está no final do mandato.

Aceno a Lula

Após a vitória, Milei deixou de lado o discurso de campanha contra Lula e disse o presidente brasileiro será bem-vindo se for à posse, em 10 de dezembro.

Inclusive, a futura chanceler argentina, Diana Mondino, esteve em Brasília em reunião com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, quando entregou uma carta de Milei, convidando Lula para a posse presidencial.

Segundo o embaixador Daniel Scioli, o momento é de superar as polêmicas. “É importante dar esses passos: o encontro com os chanceleres, uma carta do presidente e, assim, podemos trabalhar como temos feito desde que cheguei aqui, há quatro anos, para reconstruir essa relação e fazer do Brasil mais uma vez o primeiro parceiro comercial argentino, com recorde de exportações e superamos todas as polêmicas”, arrematou.

Durante um evento nesta quarta-feira, o embaixador disse, ainda, que tem conversado com representantes de grandes empresas brasileiras. “Prevejo que haverá nada menos que US$ 3 bilhões de dólares de investimento brasileiro na Argentina nos próximos tempos, pelo que conversei com as montadoras”, argumentou.

Peronista

A manutenção de Daniel Scioli — que é peronista (portanto, adversário de Milei) — na função já era ventilada por veículos de imprensa argentinos como o “La Nación” e o “Todo Notícias”.
Scioli é um político importante na Argentina: ele foi ministro e governador da província de Buenos Aires. Entre 2003 e 2007, foi vice-presidente no governo de Néstor Kirchner. Já em 2015, ele concorreu à presidência da Argentina e perdeu para Maurício Macri.

Em 2020, o governo de Alberto Fernández o nomeou embaixador em Brasília. Inicialmente, Scioli teve a missão de se aproximar do governo de Bolsonaro, que não tinha uma boa relação com Fernández.

Agora, com a vitória de Milei na Argentina, Scioli mais uma vez tem a missão de aproximar governos cujos mandatários não são próximos.

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