Terça-feira, 17 de junho de 2025

Encontro recusado: “não dialogo com fascista”, diz viúva de Marielle sobre reunião com o governador do Rio

A vereadora e viúva de Marielle Franco, Monica Benício, não participou da reunião da Anistia Internacional com o governador do Rio, Cláudio Castro, sobre os assassinatos da parlamentar e do motorista Anderson Gomes. O encontro nesta terça-feira (14), data em que o crime completa cinco anos. Ela afirmou que não dialoga com fascista, se referindo a Castro.

Em conversa com jornalistas na porta da sede do Governo do Estado na Zona Sul do Rio, Monica afirmou que tomou a decisão por causa do pouco avanço sobre investigações a respeito dos assassinatos e devido a postura de Cláudio Castro.

“Eu vim aqui dizer que não vou fazer a reunião com o governador, porque nessa mesma data, há um ano, o Cláudio Castro recebeu as organizações, a Anistia Internacional, os familiares de Marielle e Anderson, para dizer que tinha compromisso com a elucidação do caso, e não é o que a gente vê na prática. Inclusive, nessa ocasião, dia 14 de março do ano passado, o governador tinha em sua mesa o Allan Turnowiski, que era o então secretário de polícia, que ele disse ser seu homem de confiança. O Alan, que no ano passado, foi preso e teve uma série de reportagens falando sobre o seu descaso e não comprometimento com a memória da Marielle, fazendo chacota com o seu assassinato. Eu não vou sentar com um governador que não tem compromisso. Não dialogo com fascista”, afirma a vereadora.

Em nota, Castro se solidarizou com as famílias de Marielle e Anderson, e garantiu “apoio incondicional à ação conjunta da Polícia Civil, o Ministério Público e a Polícia Federal”.

Interferências

A parlamentar ressalta que a falta de resolução para o assassinato é um ataque à democracia. Além disso, Monica acredita que pode haver interferências políticas para a falta de resposta ao crime.

“A sociedade não pode mais esperar, o governador deveria ter mais responsabilidade com isso. Olha, cinco anos depois de um caso, por mais que tenha sido sofisticado, é tempo demais para um crime que abalou a democracia. A esperança que a gente tem agora é a Polícia Federal chegando na investigação. Tem que haver um motivo para a polícia não ter dado uma resposta até agora. Ou existe incompetência da polícia, ou força políticas estão atrapalhando a investigação”, disse Monica.

Investigações

O superintendente da Polícia Federal do Rio, Leandro Almada, recebeu, na sede da corporação, a família de Marielle Franco. Monica, que também esteve presente no local, diz ter sentido reacender a esperança de que a PF irá ajudar a chegar aos mandantes dos assassinatos

“A mão do governador Cláudio Castro está suja de sangue. Nós estamos a favor da participação da Polícia Federal, pois a conjuntura favorece isso. Este governo sempre se mostrou comprometido com a justiça e a memória. Temos hoje a Anielle como ministra da igualdade racial, por isso a gente vê com ânimo essa colaboração. Foi uma reunião animadora, muito respeitosa. Em cinco anos foi a primeira vez que as autoridades federais nos receberam. A PF afirmou que é uma questão de honra resolver o caso, até por respeito a tudo que a Marielle representava”, conta a parlamentar.

Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle, é condenado por tráfico internacional de armas

Em andamento desde a data do duplo assassinato, as investigações só avançaram no primeiro ano, com as prisões dos suspeitos da execução: os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, em 12 de março de 2019. Quebras do sigilo de dados dos celulares e dos computadores dos acusados fizeram com que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ e a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) conseguissem evidências da participação da dupla na primeira fase.

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