Terça-feira, 23 de abril de 2024

Estudo diz que a fluvoxamina pode reduzir internações prolongadas por coronavírus

O antidepressivo fluvoxamina pode reduzir em até 32% as taxas de hospitalização prolongada e de permanência na emergência de pacientes com a Covid-19, aponta um estudo publicado nesta quarta-feira (27) na revista científica The Lancet.

O trabalho de pesquisadores brasileiros e canadenses foi focado em pacientes de alto risco, com comorbidades. Além disso, o protocolo do teste previa o uso logo no início da inflamação causada pelo coronavírus.

Um alerta: A fluvoxamina é um remédio usado para tratar depressão, TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e transtornos de ansiedade. O medicamento só é vendido com receita controlada, foi usado sob supervisão médica nos testes e os pesquisadores alertam que os resultados NÃO devem ser usados como justificativa para qualquer tipo de automedicação.

Apesar dos resultados serem considerados promissores, mais estudos e protocolos são necessários para definir, entre outros pontos, quem se pode se beneficiar do remédio, com qual dosagem e por quanto tempo de uso.

Contra tempestade de citocinas

Apesar de inicialmente ser uma medicação utilizada para doenças psiquiátricas, a fluvoxamina pode agir diretamente nas chamadas “tempestades de citocinas”. Elas ocorrem quando os pacientes com Covid-19 ficam gravemente doentes porque seus sistemas imunológicos acabam se descontrolando durante a resposta à infecção.

Citocina é o nome geral dado a qualquer proteína que é secretada por células e que afeta o comportamento das células vizinhas, quando encontram os receptores adequados.

De acordo com os pesquisadores, a pesquisa demonstrou que o remédio também tem propriedades anti-inflamatórias que foram eficazes contra os efeitos da infecção pelo Sars-Cov-2. Na prática, a fluvoxamina não ataca o vírus em si, mas ajuda na “moderação” da resposta imunológica.

A fluvoxamina é usada originalmente para tratar depressão por atuar sobre a serotonina, que é um neurotransmissor, substância química produzidas pelo neurônio e que regula o humor e a liberação de alguns hormônios. Mas é sabido que os medicamentos também podem ter impactos em outras áreas do corpo além daquele para o qual foi desenvolvido.

Para atuar contra a Covid-19, os pesquisadores apostaram em outra forma de ação da fluvoxamina. Além de agir sobre a serotonina, ela também também estimula receptores que fortalecem a membrana celular, levando a uma redução das inflamações.

“Ela não ataca o vírus em si, mas ajuda na “moderação” da resposta imunológica. Ela vai lá na superfície da célula e ativa uma proteína que consegue bloquear essa resposta citocínica. Então a fluvoxamina faz essa modulação para que a resposta imune seja somente a necessária e aí evita a chamada ‘tempestade de citocinas’”, explica Gilmar Reis, coordenador do estudo aqui no Brasil, diretor da divisão de pesquisa e professor adjunto do departamento de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

A pesquisa foi realizada no Brasil, em 11 cidades do estado de Minas Gerais. O ensaio clínico começou em janeiro de 2021. Ao todo, 1.497 pacientes com Covid-19 confirmada participaram. Destes, 741 receberam a fluvoxamina e 756 ficaram no grupo controle, e receberam placebo.

Foram priorizados os pacientes que ainda não tinham sido vacinados e tinham pelo menos um fator de alto risco, como obesidade e hipertensão arterial. A idade média dos participantes ficou em torno dos 50 anos, sendo que 58% eram do sexo feminino.

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