Domingo, 19 de maio de 2024

Ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, volta a negar reuniões no governo Jair Bolsonaro “para tratar de quaisquer medidas antidemocráticas” e diz que vai pedir novo depoimento e acareação à Polícia Federal.

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres voltou a negar, em nota divulgada pela defesa, que tenha participado de reuniões no governo Jair Bolsonaro “para tratar de quaisquer medidas antidemocráticas”. A nota foi divulgada após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirar o sigilo de 27 depoimentos colhidos pela Polícia Federal no inquérito sobre uma tentativa de golpe de Estado para invalidar as eleições de 2022.

Também em nota, a deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) diz que “desconhece os fatos envolvendo essa minuta”.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros de seu governo e militares estão entre os investigados. O nome de Anderson Torres é citado diversas vezes nesses depoimentos.

Advogado de Torres, Eumar Novacki diz na nota que “vai requerer nova oitiva ou eventual acareação, além de outras providências necessárias à elucidação do caso”.

“Anderson Torres mantém sua postura cooperativa com as investigações e seu compromisso inegável com a democracia”, diz a nota.

Zambelli diz desconhecer minuta

Em nota assinada pela defesa, a deputada Carla Zambelli diz que “desconhece os fatos envolvendo essa minuta, reiterando que igualmente jamais anuiria, pediria ou solicitaria algo irregular, imoral ou ilícito”.

A parlamentar é citada no depoimento do Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica. Ele diz que foi abordado por Zambelli em uma mensagem com a seguinte frase: “Brigadeiro, o senhor não pode deixar o Presidente Bolsonaro na mão”.

A nota dos advogados Daniel Bialski, Bruno Borragine, Daniela Woisky e André Bialski diz que Zambelli “não se recorda desse fato reportado e se, porventura, pediu acolhimento, o fez por causa da derrota nas eleições, apoio que seria perfeitamente plausível naquele momento”.

Depoimentos sem sigilo

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes derrubou o sigilo dos depoimentos de militares e civis ouvidos no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado arquitetada durante o governo Jair Bolsonaro.

No despacho, Moraes diz que a decisão foi tomada “diante de inúmeras publicações jornalísticas com informações incompletas sobre os depoimentos prestados à autoridade policial”.

As falas dos depoentes eram mantidas em sigilo até esta sexta, mas trechos já tinham sido divulgados pela imprensa. Por exemplo, aqueles em que o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, relatou reuniões em que Bolsonaro teria tratado da chamada “minuta do golpe”.

A decisão torna públicos os depoimentos de:

– Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;
– Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022;
– Valdemar Costa Neto, presidente do PL – partido pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição;
– Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Bolsonaro;
– Carlos Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica;
– Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
– Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército;
– Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro;
– general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa;
– Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor internacional de Jair Bolsonaro;
– Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro apontado como membro do chamado “gabinete do ódio”;
–  general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
– 0  Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pelo gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro;
– 0 Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército expulso após punições disciplinares;
– Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como “mentor intelectual” da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;
– Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello;
– Bernardo Romão Correa Netto, coronel do Exército;
– Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
– Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que teria ajudado a montar falso dossiê apontando fraude nas urnas eletrônicas;
– Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
– Helio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid;
– José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco;
– Laércio Vergílio;
– Mario Fernandes, comandante que ocupou cargos na Secretaria-Geral e era tido como homem de confiança de Bolsonaro;
– Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército.
– Ronald Ferreira de Araújo Júnior, oficial do Exército;
– Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército.

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