Quinta-feira, 25 de abril de 2024

França e Reino Unido trocam acusações após morte de imigrantes

Os governos da França e do Reino Unido trocaram acusações após o naufrágio de um bote que provocou a morte de 27 imigrantes que tentavam atravessar o Canal da Mancha, nesta semana. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que a França não faz o bastante para evitar que os imigrantes tentem chegar à Inglaterra, e o ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, disse que o mercado de trabalho britânico é um incentivo para essa tentativa.

“Todo mundo sabia que havia 1,2 milhão de migrantes clandestinos no Reino Unido e que as empresas inglesas usam essa força de trabalho”, declarou Darmanin à rádio RTL.

Estima-se que mais de 25 mil pessoas chegaram ao Reino Unido em pequenos barcos este ano — três vezes mais do que em 2020. Boris enfrenta intensa pressão para impedir as travessias, alimentadas por traficantes de pessoas.

Boris pediu a Macron que aceitasse de volta os imigrantes que chegaram ao Reino Unido. “Proponho que implementemos um acordo bilateral de readmissão para possibilitar o retorno de todos os imigrantes ilegais que cruzam o Canal da Mancha”, disse o premier britânico em uma carta ao presidente francês que foi publicada no Twitter.

Mais cedo, o governo francês informou que está mobilizando reservistas e reforçando as operações de resgate marítimo no Canal da Mancha, incluindo com o uso de drones. O país convidou ministros de Bélgica, Alemanha, Holanda e Reino Unido, além da Comissão Europeia, para uma reunião no domingo, em Calais.

Segundo o gabinete do primeiro-ministro francês, Jean Castex, o encontro permitirá “reforçar a cooperação policial, judiciária e humanitária” para “melhor lutar” contra as máfias que traficam imigrantes.

Em visita à Croácia, o presidente Emmanuel Macron disse que a França nunca teve tantos policiais mobilizados nas suas fronteiras para resolver o problema. Ele também pediu “uma maior cooperação europeia nesta área”:

“A França é um país de trânsito, lutaremos contra essas redes que traficam imigrantes, aproveitando o seu desespero, mas para isso temos de melhorar a cooperação europeia”, disse Macron. “Precisamos de uma forte cooperação de Bélgica, Países Baixos, Reino Unido e Comissão Europeia.”

Dificuldades

O naufrágio do bote com imigrantes foi o mais grave acidente do tipo registrado até hoje na região, detonando uma nova disputa entre França e Reino Unido, que acumulam conflitos desde o Brexit, a saída britânica da União Europeia. O governo de Boris reiterou que está desembolsando o equivalente a R$ 405 milhões em ajuda às autoridades francesas para intensificar o patrulhamento do canal.

O porta-voz do primeiro-ministro britânico, Max Blain, disse que existem negociações para que o país envie seu pessoal para ajudar no Norte da França. Paris já havia resistido a tais apelos e não está claro se mudará de ideia cinco meses antes de uma eleição presidencial em que imigração e segurança são tópicos importantes.

“Temos tido dificuldade para persuadir nossos parceiros, particularmente os franceses, a atuarem do jeito que pensamos que a situação exige”, disse Boris. O ministro da Imigração britânico, Kevin Foster, complementou: “Estamos preparados para oferecer recursos”, disse à BBC TV. “Somos claros: não vemos isso apenas como uma questão com a qual a França precisa lidar, mas uma questão com a qual queremos trabalhar junto com a França e nossos parceiros europeus.”

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