Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Grupo de encapuzados ataca sede do Clarín, maior jornal da Argentina, com bombas incendiárias

A sede do tradicional jornal argentino Clarín, em Buenos Aires, foi atacada na noite de segunda-feira (22) com coquetéis molotov por um grupo de pelo menos nove encapuzados, informou o próprio diário. Os ataques foram gravados por câmeras de segurança.

As imagens mostram que ao menos sete artefatos artefatos incendiários foram lançados, atingindo a calçada e parte do hall de entrada. Não houve feridos ou danos materiais significativos. Seis das bombas explodiram sem causar grandes estragos, e uma não detonou e foi recolhida para laudo pericial.

Segundo o Clarín, a equipe de segurança da empresa fez uma denúncia do ataque às 23h05, quando disse que nove homens chegaram a pé e, em frente ao edifício Arte Gráfico Editorial Argentino (AGEA), no bairro de Barracas, acenderam e jogaram coquetéis molotov — feitos com garrafas e líquidos explosivos — que atingiram a calçada e parte do saguão de entrada e causaram um início de incêndio.

A investigação policial sobre o caso trabalha com a hipótese de “intimidação pública”. Há peritos em vestígios e do esquadrão antibomba trabalhando na equipe.

A Polícia Federal Argentina já identificou uma digital no artefato que não explodiu. A identidade não corresponde às bases do Cadastro Nacional de Pessoas (Renaper) e de pessoas com antecedentes criminais, o que leva os investigadores a acreditarem tratar-se de um estrangeiro.

Segundo imagens de câmeras de segurança, os responsáveis pelo ataque vestiam roupas escuras e chegaram em motos, após se encontrarem em um parque.

Em comunicado, o Grupo Clarín condenou “uma expressão violenta de intolerância contra um meio de comunicação”. “Lamentamos e condenamos este grave fato que à primeira vista aparece como uma expressão violenta de intolerância contra um meio de comunicação. Aguardamos seu urgente esclarecimento e punição”, disse a nota.

O presidente argentino, Alberto Fernández, condenou o ataque e pediu que “os fatos sejam esclarecidos e os perpetradores identificados a partir da investigação em andamento”. “Quero expressar nosso repúdio ao episódio ocorrido em frente à sede do jornal Clarín. A violência sempre altera a convivência democrática”, disse o presidente numa rede social.

O vice-editor geral do jornal, Ricardo Roa, qualificou o incidente de “muito grave” e disse que a preocupação atual é entender quem são os autores, já que eles não deixaram uma identificação.

“É um fato grave. É preciso voltar muito tempo para encontrar um histórico desse tipo de ataques contra a mídia”, disse à emissora LN+.

O jornalista também pediu ênfase no repúdio aos ataques violentos.:

“Se não formos claros em condenar a violência de pessoas que ateiam fogo ou possuem armas, em qualquer lugar, seremos coniventes”, disse Roa. “A violência deve ser discutida antes, não depois. A Argentina tem uma história trágica de discutir a violência depois [que ela acontece].”

O Fórum de Jornalismo Argentino (FOPEA) emitiu um comunicado no qual “repudia veementemente o ataque violento a um edifício do Grupo Clarín na capital federal e exige que a Justiça Federal investigue este novo ato de intolerância e intimidação contra o trabalho da imprensa ”.

Na carta, acrescentam: “O Fopea alerta para a gravidade dos acontecimentos ocorridos, que se somam ao atentado que o jornal Río Negro sofreu em março deste ano, e exige uma investigação aprofundada e a condenação dos responsáveis pelo flagrante atentado contra a liberdade de imprensa”.

O Grupo Clarín é o maior conglomerado de mídia da Argentina, e o Clarín é o diário de maior circulação no país.

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