Sexta-feira, 29 de março de 2024

Há 40 anos morria a porto-alegrense Elis Regina, maior cantora brasileira de todos os tempos

Há exatas quatro décadas, uma parada cardiorrespiratória causada por overdose fatal calou para sempre a voz da gaúcha Elis Regina, considerada por muitos a maior cantora da história da música popular brasileira e uma das melhores do mundo em sua época. A artista criada no bairro do IAPI, Zona Norte de Porto Alegre, completaria 37 anos no dia 17 de março.

Mãe de três filhos que também se tornariam músicos (o produtor João Marcello e os cantores Pedro e Maria Rita), a “Pimentinha” deixou quase 30 discos em estúdio ou ao vivo, shows memoráveis e fãs – anônimos e famosos – espalhados por todo o planeta. Não por acaso, muitos de seus registros são verdadeiros objetos de culto, como o álbum em dueto com Tom Jobim e a versão fonográfica de sua turnê “Transversal do Tempo”.

Ao longo desta quarta-feira, muitas foram as manifestações na imprensa e nas redes sociais, prestando homenagem à artista. “Todo mundo lembra onde estava quando recebeu a notícia da perda de Elis, naquele triste 19 de janeiro de 1982”, escreveu um admirador no Facebook. “A verdade é que ela partiu muito jovem, ainda tinha muito a fazer pela música”, lamentou outro no Instagram.

Vida

A trajetória de Elis Regina Carvalho Costa é precoce, iniciada em 1958 – aos 13 anos – na Rádio Gaúcha e posteriormente na TV Gaúcha (atual RBS). Também atava de forma esporádica como gente-grande em bailes e outros eventos, na função de “lady-crooner” dos grupos Norberto Baldauf, Flamboyant e Renato & Sexteto.

Em 1961, um representante da gravadora paulista Continental ofereceu contrato para dois discos, inicialmente com boleros e rock-baladas ingênuas, em uma espécie de mistura entre Angela Maria e Celly Campelo. O sucesso, porém, só viria com a mudança para São Paulo e Rio de Janeiro, a partir de 1964.

No Centro do País e já com um repertório voltado para sambas e bossas, suas performances em rádio, TV, discos, festivais e casas noturnas abririam caminho para uma sólida carreira. Não demorou a se enturmar com nomes consagrados e outros em ascensão na MPB, ao mesmo tempo em que se impunha também como uma artista exigente do ponto-de-vista técnico e de posicionamentos sociais e políticos contundentes.

Os anos 1970 marcariam o “namoro” com gêneros como a soulmusic, pop, rock, em uma constante busca por compositores que valorizassem suas qualidades de intérprete, alguns dos quais ajudou a projetar ou consolidar, como Milton Nascimento, Ivan Lins e Gonzaguinha. A época também seria de apresentações na Europa e grandes turnês pelo Brasil, ovacionadas por público e crítica.

Morte

A morte ocorreu de forma trágica. Elis estava no quarto de seu apartamento em São Paulo quando foi encontrada de manhã pelo então namorado, Samuel MacDowell, já desacordada. A ambulância demorou a chegar e ela foi então conduzida de táxi ao hospital, mas já era tarde demais. O laudo médico apontou como causa do óbito uma intoxicação por cocaína e álcool”.

Em meio a uma intensa comoção popular, o corpo foi velado no Teatro Bandeirantes sob a presença de aproximadamente 15 mil pessoas que formaram longas filas para um último adeus. O cortejo seguiu pelas ruas da capital paulista em caminhão do Corpo de Bombeiros até o Cemitério do Morumbi. Além dos três filhos, Elis Regina deixou os pais, Romeu e Ercy, e o irmão Rogério.

Discografia

– 1961: “Viva a Brotolândia”;
– 1962: “Poema de Amor”;
– 1963: “Ellis Regina”;
– 1963: “O Bem do Amor”;
– 1965: “Samba Eu Canto Assim”;
– 1965: “Dois na Bossa (ao vivo com Jair Rodrigues)”;
– 1965: “O Fino do Fino (ao vivo com Zimbo Trio)”;
– 1966: “Dois na Bossa nº 2 (ao vivo com Jair Rodrigues)”;
– 1966: “Elis”;
– 1967: “Dois na Bossa nº 3 (ao vivo com Jair Rodrigues)”;
– 1969: “Como e Por que”;
– 1970: “Em Pleno Verão”;
– 1970: “Elis no Teatro da Praia” (ao vivo);
– 1971: “Ela”;
– 1972: “Elis”;
– 1973: “Elis”;
– 1974: “Elis & Tom (com Tom Jobim)”;
– 1974: “Elis”;
– 1976: “Falso Brilhante”;
– 1977: “Elis”;
– 1978: “Transversal do Tempo” (ao vivo);
– 1979: “Essa Mulher”;
– 1980: “Saudade do Brasil”;
– 1980: “Elis”.
– 1982: “Live at Montreux Jazz Festival” (póstumo);
– 1995: “Elis ao Vivo” (póstumo).

(Marcello Campos)

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