Sábado, 07 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 25 de fevereiro de 2024
A Indonésia obteve resultados notáveis na redução da miséria nas últimas décadas. Para o Banco Mundial, o número de pessoas em situação de extrema pobreza, vivendo com menos de US$ 2,15 (R$ 10,75) por dia, em valores de 2017, ajustados pelo poder de compra, caiu de 114,3 milhões, em 1990, para 6,9 milhões, em 2022, num período em que sua população – a quarta maior do planeta – aumentou 51,2%, para 275,5 milhões. Em termos relativos, a miséria também caiu de 62,8% para 2,5% da população, no mesmo período.
Ainda há quase 7 milhões de indonésios vivendo abaixo da linha de pobreza, o que não é pouco. Apesar de a desigualdade ter caído, ela ainda está acima do que era no ano 2000. Além disso, quando se considera um ganho um pouco maior, de US$ 3,65 por dia, o contingente incluído nesta faixa, que chegava a 91% do total em 1998, ainda engloba 20% da população. E, quando se sobe a barra para US$ 6,85 por dia, a parcela da população enquadrada na categoria, que alcançava 99% há 25 anos, continua em torno de 60% do total.
Mesmo assim, o resultado transformou o país, que tem a maior população muçulmana do mundo, num dos grandes exemplos de enfrentamento da miséria. Até na pandemia, quando a pobreza aumentou em nível global, ela continuou a cair no país. “A Indonésia praticamente acabou com a pobreza”, disse a economista Satu Kahkonen, diretora do Banco Mundial para Indonésia e Timor-Leste.
Como Bangladesh e outros países asiáticos, a Indonésia conseguiu compensar um certo desequilíbrio na repartição do bolo ao avançar em aspectos que vão além do combate à pobreza propriamente dita.
Hoje, os partos realizados pelo pessoal da área de saúde, que eram 40% do total em 1990, chegam a quase 100%, conforme o Banco Mundial. A taxa de mortalidade de crianças com até 5 anos caiu de 84 por mil nascimentos para 22 por mil no mesmo período. A vacinação de crianças de 12 a 23 meses contra o sarampo passou de 58% para 84% do total.
Ao mesmo tempo, a taxa de conclusão do ensino básico, que era de 94% do total de pessoas com idade oficialmente vinculada ao ciclo, agora está em 103%, indicando que um grupo mais velho, que havia deixado de estudar, voltou à escola. No caso do ensino fundamental, o Banco Mundial não divulga a taxa dos que conseguem chegar ao fim do ciclo. Mas as matrículas, que representavam 47% da população com idade correspondente a esta etapa, chegaram a 99% do total em 2022, de acordo com a instituição.
Na Indonésia, como em qualquer lugar que reduziu drasticamente a pobreza, o grande motor da melhoria foi o crescimento econômico acelerado. Graças a isso, o país, que era um dos mais pobres do mundo, tornou-se a 16.ª economia mundial, com um PIB de US$ 1,32 trilhão em 2022, cinco posições atrás do Brasil. Pelo critério do PIB ajustado ao poder de compra, a Indonésia ocupava a sétima posição, à frente do Brasil, em oitavo lugar.
Força
O crescimento de 4,7% em média desde 1990 foi um pouco mais suave do que o de outros países da região nas últimas décadas, como China, Índia e Bangladesh, mas ainda ficou bem acima da média mundial, de 2,9%, e do Brasil, de 2,1%, no mesmo período. Com isso, a Indonésia passou a ser um país de renda média alta, a mesma categoria do Brasil.
Os números falam por si. Entre 1990 e 2022, o PIB per capita em valores correntes, ajustado pelo poder de compra, cresceu 4,8 vezes, de US$ 3,1 mil para US$ 14,7 mil, enquanto o do Brasil aumentou 2,7 vezes e a média mundial, 3,7 vezes.
Programas sociais
Ao lado do crescimento econômico, puxado principalmente pelo aumento do consumo interno, os programas sociais também deram uma contribuição considerável para a redução da miséria. O Programa Esperança da Família (PKH, na sigla em indonésio), que funciona nos moldes do Bolsa Família, é emblemático. Ele atende 15 milhões de famílias em situação de pobreza (40 milhões de pessoas), com foco nos núcleos com crianças em idade escolar e nas mulheres grávidas ou que estão amamentando.
Já o programa de assistência à alimentação (BPNT) fornece um cartão para compra de alimentos básicos, como arroz e ovos, em estabelecimentos credenciados, enquanto o Sistema Nacional de Seguro Saúde garante o atendimento médico e hospitalar aos mais vulneráveis.