Terça-feira, 17 de junho de 2025

Inquérito sobre facada em Bolsonaro é nova arma na briga para comandar a Abin

A revelação de que a Agência Brasileira de Informação (Abin) usou um programa secreto para monitorar a localização de qualquer pessoa por meio do telefone celular, nos três primeiros anos da presidência de Jair Bolsonaro, fez com que o governo Lula prometesse investigar e punir os responsáveis pela espionagem, além de reformular toda a agência.

A iniciativa, porém, pode não ser suficiente para que a Abin deixe de ser um foco de preocupação – agora para o próprio Lula. O novo comando escolhido para a agência não foi bem recebido não só por uma ala da própria Abin como em outros setores do governo, como a Polícia Federal.

A indicação do delegado Luiz Fernando Corrêa para ser chefe da Abin já havia desagradado o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. Corrêa ainda precisa ser sabatinado pelo Senado e por isso ainda não assumiu o cargo.

Moretti

Quem já assumiu o posto, mas está sendo atacado nos bastidores por aliados de Lula, é o diretor-adjunto já escolhido por Corrêa, o delegado Alessandro Moretti, nomeado no início de março.

Ex-chefe da Diretoria de Inteligência Policial (DIP) da PF durante o governo Bolsonaro, Moretti também foi adjunto de Anderson Torres na secretaria de Segurança do Distrito Federal. Tudo isso é público e não impediu que Moretti fosse indicado para o cargo na Abin.

O que chama a atenção num governo em que até mesmo uma curtida em rede social ou foto antiga com Bolsonaro é suficiente para justificar o veto em alguém. Na Casa Civil, o que se diz a respeito do tiroteio interno é que não haverá nenhum problema em rever a nomeação do diretor-adjunto, caso fique provado que ele tomou alguma providência para favorecer Bolsonaro.

Operação Fênix

É nesse contexto que surgiu uma nova arma na guerra de bastidores pelo controle da Abin dentro do governo. Trata-se de uma operação que não aconteceu, mas que estava prevista no bojo do inquérito sobre a facada de Adélio Bispo em Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018.

Batizada internamente de “operação Fênix”, ela foi pedida à Justiça pela Polícia Federal entre o primeiro e o segundo turno da eleição de 2022. O objetivo era realizar busca e apreensão sobre advogados da maior facção criminosa do país, o PCC, que também eram advogados de Adélio Bispo, com o propósito de tentar encontrar os supostos financiadores do atentado a Bolsonaro. Havia ainda pedidos de prisão.

Em 2022, o inquérito foi retomado a pedido do Ministério Público, que pediu a quebra dos sigilos dos celulares dos advogados de Adélio. O diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, então determinou que a investigação ficasse na diretoria de Moretti, sob o comando do delegado Martin Bottaro Purper.

No pedido enviado pela Polícia Federal ao juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora, o motivo apontado para a realização da operação naquele momento era o surgimento de áudios interceptados pela própria PF em que Marcola afirma que Bolsonaro “é pior” para sua facção criminosa em comparação com Lula, a quem chama de “pilantra” e “ladrão”.

Disseminado na campanha eleitoral como fake news, em publicações que diziam que Marcola havia declarado voto em Lula (presidiários com sentença transitada em julgado não votaram na eleição), o áudio era apontado no pedido à Justiça como indício de que o atentado a Bolsonaro poderia ter sido financiado por indivíduos ligados à facção criminosa.

Moretti não era o delegado responsável pelo caso, mas dirigia a DIP naquele momento. Daí porque sua nomeação para a diretoria-adjunta da Abin fez a informação sobre a operação Fenix passar a circular no Palácio do Planalto, no Ministério da Justiça e na própria PF.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

PSB protocola CPI para investigar manipulação de resultados de jogos de futebol
Lula está sempre certo, afirma ministro após levar “bronca” por anúncio do “Voa, Brasil”
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play