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Por Redação Rádio Pampa | 17 de fevereiro de 2023
Apesar de o governo federal ter o objetivo de conquistar o apoio da iniciativa privada à prometida reforma tributária, no jantar que juntou na última quarta-feira (15) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, os empresários presentes preferiram falar dos entraves causados pelos juros altos nos negócios – em linha com as críticas que o governo Lula vem fazendo à política monetária conduzida pelo Banco Central.
Organizado pelo Grupo Esfera, o encontro teve a participação de 50 comandantes de grandes empresas e bancos. Entre eles estavam José Carlos Trabuco (Bradesco), Jean Jereissati (Ambev), Eduardo Bartolomeo (Vale), Rubens Menin (MRV, Inter), Rafael Sales (Aliansce BrMalls) e Isaac Sidney (Febraban).
Do lado do governo, Gabriel Galípolo, secretário executivo da Fazenda, também foi ao jantar. Haddad abriu o encontro defendendo o diálogo. Como exemplo, citou o acordo da medida provisória do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que, se efetivado, deve isentar o contribuinte de multas e juros.
Meta de inflação
João Camargo, fundador do Esfera, apoiou a intenção de diálogo e reiterou a importância da reforma. Mas disse que a questão dos juros é a mais relevante atualmente. Citou os gestores do evento do BTG, realizado no mesmo dia, “que são favoráveis ao aumento da meta de inflação, pois a inflação vai perdurar no mundo”.
O empresário continuou dizendo, ainda, que o mundo todo “está se preparando para viver um período inflacionário”. “O Brasil tentou a vida inteira exportar inflação e ninguém comprou. Agora, a gente está importando dos países ricos”, afirmou.
Os empresários juntaram-se ao coro, com depoimentos sobre a situação que vivem: juros altos têm travado os negócios e inibido investimentos. “A maior parte de nós paga juros e não recebe juros”, disse o comandante de um grande grupo. Segundo ele, as corporações estão tendo de revisar investimento porque o juro hoje é muito maior por causa de um problema estrutural.
Rubens Menin, principal acionista de MRV, Inter, Log e CNN Brasil, também falou sobre o impacto dos juros no investimento. “Nas empresas os budgets (orçamentos) são plurianuais. Em 2020 e 2021, as empresas tinham feito planos de investimento de dois, três ou quatro anos e alguns deles, não conseguimos parar. Fica muito caro para parar e o remédio fica muito pesado. O remédio no Brasil está muito mais amargo do que se pode imaginar. Não dá. Se durar mais dois anos o remédio vai corrigir um pequeno defeito, mas vai ser mais nocivo”.
A avaliação final foi de que o encontro foi positivo e selou uma espécie “consenso” entre as prioridades defendidas pelo governo e o setor privado.