Domingo, 13 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 28 de novembro de 2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva impõe mais duas derrotas ao próprio partido nas escolhas para o Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-geral da República. As indicações de Flávio Dino e Paulo Gonet contrariam a ala majoritária do PT, que preferia Jorge Messias e Antônio Carlos Bigonha nas respectivas vagas. Agora, os petistas preveem uma onda de insatisfação interna, mas não veem chances de motim ou qualquer movimento público de revolta e o motivo é simples: o PT continua totalmente dependente de Lula.
Interlocutores da cúpula petista afirmam que decisão de Lula todos acatam, mesmo quando reclamam internamente. Lula sabe disso, tanto que deixou para fazer o anúncio horas antes de embarcar para mais uma viagem internacional, deixando a discussão política entre seus correligionários para trás.
Outro interlocutor ligado aos movimentos progressistas analisa que Lula tem a certeza de que o PT só voltou ao poder porque foi ele quem disputou a Presidência, e venceu por uma disputa apertada de votos. Por isso, sabe que resta ao PT resta dar sustentação ao seu governo, pois os correligionários precisam se ancorar na sua imagem e gestão para crescer nas próximas eleições.
Fogo amigo
O voto do líder do governo no Senado, Jaques Wagner, a favor da PEC que reduz poder dos ministros do STF selou o destino de Dino. Garantiu o apoio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na decisão de Lula de agradar os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. E Messias, ex-assistente parlamentar de Wagner, foi rifado.
O fogo amigo que sofre na Câmara e no Senado, especialmente na pauta econômica, não é exatamente um problema para o presidente da República. Na verdade, até ajuda o PT a manter o discurso que mobiliza seu eleitorado e os apoiadores do presidente. Desde que fique só no discurso e, na hora do voto, os petistas estejam alinhados com a orientação do Planalto. Tem sido assim em temas como reforma tributária, Carf, bets, entre outros.
Por outro lado, Lula e sua articulação política do Planalto muitas vezes precisam fazer alguns contorcionismos para que a “verborragia petista” não atrapalhe a agenda de votações. Por exemplo, quando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deixou claro que se o presidente não enquadrasse a própria sigla, a reforma tributária ficaria travada na Câmara no primeiro semestre.
Substituto
Confirmada a indicação de Flávio Dino ao STF, a disputa passa a girar em torno da vaga de ministro da Justiça e Segurança Pública. O nome preferido do PT é o do advogado Marco Aurélio Carvalho, do Prerrogativas. Porém, o mais cotado é o atual advogado-geral da União, Jorge Messias. Sua escolha também agrada o partido e chega a ser vista como um afago do presidente à sigla.
O problema é que Flávio Dino também tem um preferido para a vaga e gostaria de entregar o posto ao seu secretário-executivo, Ricardo Cappelli. Este, porém, é o que enfrenta a maior resistência dos petistas, que não o consideram à altura do cargo.
A cúpula do MDB duvida que a ministra Simone Tebet (Planejamento) será transferida para a Justiça, pasta de visibilidade e almejada pelo PT. Dizia que eventual convite será decidido somente por Tebet.
A crise na segurança é a maior crítica ao governo Lula. E ministros do STF aconselharam o presidente a escolher uma pessoa “robusta e com profundidade” para o Ministério da Justiça, para resgatar seu prestígio. A pasta já foi comandada por personalidades como Márcio Thomaz Bastos, Nelson Jobim, Petrônio Portella, Tancredo Neves, e num período histórico mais distante Rui Barbosa e José de Alencar, por exemplo.