Sábado, 27 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 10 de julho de 2023
Após meses tensos à frente do Ministério da Fazenda, Fernando Haddad (PT) diz que começa a respirar aliviado. O chefe de uma das pastas mais importantes do governo Lula reconheceu ter enfrentado críticas dentro do próprio PT e uma pressão enorme vinda do mercado.
“Me sinto menos na frigideira do que há três meses”, disse, mas reconheceu que teve “muitas discussões sobre os caminhos a seguir” na economia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o primeiro semestre. As afirmações foram feitas em entrevista ao podcast O Assunto.
Em tom de brincadeira, Haddad disse que tanto o fogo amigo quanto o fogo inimigo “diminuíram”.
O ministro da Fazenda declarou que “faz parte apanhar dentro de casa”, quando questionado sobre os conflitos internos no Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo Haddad, o “partido não é um partido amorfo” e que esse comportamento deveria ser naturalizado. “O meu partido não é um partido amorfo, está cheio de gente de opinião, que pensa diferente, que estudou outra coisa… eu não deixo de conversar com o PT, de ir às reuniões da Executiva, de explicar o que eu estou fazendo.”
Faria Lima
Ele também afirmou que “muita gente da Faria Lima dizia que o Haddad não poderia ser ministro [da Fazenda]”, mas esses eram os que não tinham acompanhado seu trabalho prévio. O ministro ainda afirmou que a “percepção [de confusão política dentro do governo] vem se dissipando ao longo dos meses”. Mas admitiu que os “primeiros dois, três meses foram mais difíceis”.
Ainda durante a entrevista, Haddad deu um ponto-final aos questionamentos temerosos do mercado financeiro – que, conforme ressaltou, avaliavam como “ideológica” sua indicação à Fazenda: mostrou que se dá bem, sim, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“Me dou muito bem com o presidente do Banco Central. Não tenho nenhum problema com ele, muito pelo contrário. Temos uma relação muito civilizada, para as tensões que estão estabelecidas. Mas eu acho, sinceramente, que isso é a volta da política com P maiúsculo, para produzir os melhores resultados. Quando a política não produz os melhores resultados, ela está sendo mal feita”, explicou.
Reforma tributária
Na mesma entrevista, Haddad afirmou que a segunda fase da reforma tributária, que vai incidir sobre a renda, não vai aguardar a conclusão da primeira fase, sobre o consumo. “Nós temos que concluir a tramitação da PEC no Senado, mas não vamos aguardar o fim da tramitação para mandar ao Congresso a segunda fase da reforma, porque ela tem que ir junto com o orçamento”, disse.
O ministro da Fazenda defendeu que a análise do Orçamento de 2024 caminhe com a reforma tributária. “Até porque, para garantir metas do marco fiscal, vou precisar que Congresso analise medidas junto com peça orçamentária”, prosseguiu ele. Essa segunda etapa deverá “colocar o rico no Imposto de Renda”, como defende o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).