Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Médico avalia que juiz de futebol agredido por jogador durante partida no Interior gaúcho poderia ficar tetraplégico

O médico que atendeu nesta semana o árbitro chutado na nuca por um jogador durante partida de futebol em Venâncio Aires (Vale do Taquari) avalia que a agressão poderia ter resultado em tragédia. “O juiz corria sérios riscos, poderia inclusive ter ficado paraplégico”, detalhou o clínico-geral Sandro Hansel em entrevista à imprensa.

Rodrigo Crivellaro, 29 anos, sofreu fissura na vértebra cervical, foi atendido por neurologista, fez todos os exames e já está fora de perigo. Ele terá que usar colete especial durante algum tempo e deve estar apto a voltar aos gramados em até três meses.

O incidente aconteceu no estádio Edmundo Feix, na noite de segunda-feira (4), aos 15 minutos do segundo tempo do duelo entre o Guarani, dono da casa, e o São Paulo de Rio Grande, time do agressor. A partida era válida pela antepenúltima rodada da Segunda Divisão do Campeonato Gaúcho.

Inconformado por receber um cartão amarelo por reclamação, o meia-atacante William Ribeiro, 30 anos, derrubou propositalmente o árbitro e em seguida o chutou com força na região da cabeça e nuca, antes de ser contido pelos colegas. Ele foi preso em flagrante e libertado no dia seguinte, já demitido do clube por justa causa.

A vítima, que mora em Santa Maria (Região Central), ficou desacordada e precisou de atendimento médico no Hospital São Vicente Mártir. “Felizmente, foi mais um susto”, desabafou ao deixar o local no banco do carona de um automóvel para prestar depoimento à Polícia Civil.

Ele também relatou que não lembrava muito bem do ocorrido. Disse, ainda, nunca ter mantido contato anterior com William e que sequer o conhecia, mesmo ambos sendo nascidos em Pelotas (Região Sul).

Registrada por uma emissora de TV, as imagens repercutiram até mesmo fora do País e motivaram uma série de manifestações de repúdio por parte de atletas, dirigentes e, é claro, juízes de futebol.

Não faltaram questionamentos, por exemplo, ao fato de os clubes não submeterem seus contratados a uma verificação rigorosa de suas fichas pregressas.

Paralelamente ao caso, a partida foi interrompida quando estava 1 a 0 para o Guarani, sendo retomada na tarde desta terça-feira. Não houve alteração no placar.

Promotoria recorrerá

Na noite de terça-feira (5), a Comarca de Justiça de Venâncio Aires concedeu liberdade provisória ao agressor. A decisão levou em conta o fato de o acusado ser primário, com residência fixa e não demonstrou que possa prejudicar o andamento do processo. Ele se comprometeu a comparecer sempre que for chamado a depor.

O Ministério Público (MP) já ressaltou que apelará ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) para reverter a soltura. Reiterou, ainda, que o atleta será denunciado por tentativa de homicídio qualificado (motivo fútil).

Na audiência que resultou na libertação, a promotoria solicitou que a prisão fosse mantida, devido à gravidade da agressão. Além do incidente em si, pode pesar contra o jogador o fato de já ter se envolvido em atos de violência no futebol, mesmo que não tenham gerado processo.

Ao menos dois casos são conhecidos. Há um mês, durante partida na qual ele sequer estava no banco de reservas, bateu em um torcedor do clube e chegou a ser desligado do time, mas a direção voltou atrás. E há sete anos, recebeu cartão vermelho após aplicar um soco em colega do time adversário.

A trajetória de William Ribeiro no esporte, a qual pode ter chegado agora ao fim, foi iniciada nas categorias de base de clubes do Rio Grande do Sul, incluindo o Inter. Ele estava em sua terceira passagem pelo São Paulo de Rio Grande (18 jogos e dois gols desde que retornou), depois de vestir as camisas de outros 15 times do Estado.

(Marcello Campos)

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