Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 7 de outubro de 2021
O médico Walter Correa de Souza Neto, ex-funcionário da Prevent Senior, afirmou nesta quinta-feira (7) em depoimento à CPI da Covid que os profissionais não tinham autonomia e que era obrigatório prescrever drogas ineficazes contra a covid.
Souza Neto prestou depoimento ao lado de Tadeu Frederico de Andrade, paciente da Prevent. Os dois foram chamados a falar sobre as denúncias de que a operadora testou e disseminou remédios ineficazes em pacientes com covid.
Em setembro, o diretor-executivo da operadora, Pedro Benedito Batista Junior, admitiu que a Prevent usou remédios ineficazes contra a covid, como cloroquina, mas somente com o consentimento de pacientes ou de seus parentes, e que os médicos tinham autonomia para prescrevê-los ou não.
“Quando foi exatamente que a Prevent definiu que iria adotar a hidroxicloroquina como tratamento, como rotina de seus tratamentos?”, indagou nesta quinta o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI.
“Não me lembro exatamente se foi no final de março do ano passado ou começo de abril. Mas eles instituíram um protocolo institucional e daí iniciou a determinação para que a gente prescrevesse essa medicação. Pouco depois, os kits com a medicação começaram a ser disponibilizados, colocados no consultório”, respondeu o médico.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE), então, questionou: “A pergunta é: era obrigatório?”.
“Sim, era obrigatório”, respondeu o médico.
“Havia autonomia do médico?”, questionou em seguida Rogério Carvalho.
“Não. Definitivamente, não”, respondeu.
Em nota divulgada nesta quinta, a Prevent disse que o depoimento “não trouxe fatos, apenas narrativas mentirosas”.
Walter Correa era plantonista do pronto-socorro da Prevent e foi demitido em fevereiro deste ano. Ele trabalhou na operadora por oito anos.
ANS
Na quarta-feira (6), a CPI ouviu o diretor da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello. Aos senadores, Rebelo disse que soube pela comissão das denúncias sobre a operadora Prevent Senior.
“Importante reiterar que a ANS teve conhecimento das graves acusações contidas em dossiê contra a Prevent Senior pela CPI da Covid, e tais situações nunca foram denunciadas diretamente à agência e não apareceram nos monitoramentos feitos periodicamente pela ANS”, declarou Rebello.
A versão, no entanto, contradiz informações da própria CPI. Segundo o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a ANS foi avisada em 2020 das denúncias sobre a Prevent.
Prevent
O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Junior, prestou depoimento à CPI em setembro deste ano.
Aos senadores, Batista Junior admitiu que a operadora:
— alterou o prontuário de pacientes com covid para excluir o diagnóstico dos registros, mas que isso seria apenas para saber quem já não estava mais com a doença; a empresa nega;
— usou remédios ineficazes contra a covid, como cloroquina, mas somente com o consentimento de pacientes ou de seus parentes, e que os médicos tinham autonomia para prescrevê-los ou não;
— fez estudo com pacientes que tomaram esses medicamentos apenas para acompanhar os casos e que o levantamento não se tratava de um estudo científico.