Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 29 de setembro de 2022
Nesta quinta-feira (29), o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a prisão do ex-secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro. Allan Turnowski foi preso por organização criminosa e envolvimento com o jogo-do-bicho.
Também foi determinado que a soltura fosse efetivada a tempo de o investigado votar nas eleições de domingo (2) – pleito no qual, aliás, ele concorre a deputado federal pelo PL, mesmo partido do presidente da República, Jair Bolsonaro. O Turnowski deixou o cargo na corporação em março, para se candidatar à campanha.
“A imposição de medidas alternativas à prisão revela-se suficiente e adequada à contenção do perigo gerado pelo estado de liberdade do paciente, inclusive por estarem presentes elementos autorizadores da substituição da prisão preventiva”, frisou o magistrado na decisão.
Na sequência, ele concede parte do pedido feito pela defesa do ex-secretário, e institui também algumas medidas cautelares.
“Face ao exposto, concedo, em parte, a ordem de habeas corpus para revogar a prisão preventiva imposta ao paciente, determinando, porém, ao Juízo da 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa da Comarca do Rio de Janeiro, a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão”, diz o ministro antes de citar as proibições.
– Proibição de acesso às dependências de quaisquer repartições da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro e/ou da Secretaria de Segurança Pública do referido;
– Proibição de manter contato com os denunciados por qualquer meio;
– Proibição de deixar o país e entrega do passaporte perante o Juízo de origem.
Ao saber da revogação da prisão, o advogado do ex-secretário, Daniel Bialski, comemorou a decisão e refirmou a inocência de seu cliente:
“A defesa derafirma que seu cliente não cometeu qualquer ilicitude, independentemente da esfera de apuração. Ademais, jamais teve qualquer envolvimento com pessoas ligadas ao jogo do bicho e/ou ao crime organizado e, repita-se, sempre, ostensivamente, direta e ou indiretamente, sempre comandou sua repreensão e combate”.
Prisão no início do mês
De acordo com as investigações do Ministério Público, Allan Turnowski recebia propina de bicheiros e estaria envolvido em um plano para assassinar o bicheiro Rogério Andrade.
A defesa do ex-secretário disse que a prisão é um “movimento de perseguição política”. Informou ainda que entrou com um habeas corpus pedindo “a liberdade imediata em virtude do desconhecimento do processo”.
O ex-secretário foi preso no dia 9 de setembro em continuidade às investigações sobre o delegado Maurício Demétrio, que está preso desde o ano passado, acusado de corrupção dentro da Polícia Civil. Demétrio é investigado por suspeita de forjar operações para incriminar adversários e também teria participação na morte do contraventor.
Perfil de Allan Turnowski
Turnowski foi chefe da Polícia Civil em 2010 e 2011, durante a gestão do governador Sérgio Cabral (MDB), e deixou a pasta durante uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto vazamento de uma operação. O caso foi arquivado por falta de provas. O delegado sempre negou qualquer irregularidade.
Em 2020, voltou ao posto (que passou a ser uma secretaria estadual), onde ficou até o início deste ano, quando saiu para se candidatar. Sob sua gestão, a pasta inaugurou uma força-tarefa de combate às milícias, que até março de 2022 tinha contabilizados mais de 1,2 mil presos.
Turnowski também anunciou reformas em 25 delegacias e criou um prédio para o setor de Inteligência da Polícia Civil, no Centro do Rio. Durante sua gestão, porém, Turnowski foi criticado pelas 28 mortes em uma operação no Jacarezinho, em maio de 2021. O secretário sempre defendeu a ação da Polícia Civil.