Segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Ministro liga para acionistas da Vale e, em nome de Lula, pede o ex-ministro Guido Mantega na presidência

O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, ligou para acionistas de referência da Vale para pressionar sobre a indicação do ex-ministro Guido Mantega para a presidência da mineradora. Silveira falou em nome do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, segundo relatos de fontes.

Os acionistas de referência da Vale são Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, a Cosan, do empresário Rubens Ometto, a japonesa Mitsui e o Bradesco.

Todos esses grupos têm posição relevante na empresa, acima de 5%. A exceção é o Bradesco, que reduziu a fatia na Vale nos últimos anos, mas é um acionista tradicional da mineradora desde a privatização da companhia, em 1997.

A pressão do governo ocorre no momento em que se aproxima a reunião do conselho de administração da Vale que terá que decidir se renova o mandato do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, ou se indica um novo nome.

O colegiado da mineradora tem reunião no dia 31 de janeiro, mas é possível que seja convocada uma reunião extraordinária antes dessa data para tratar do CEO. Ocorre que o encontro do colegiado do dia 31 já tem uma longa pauta e não inclui a sucessão de comando.

O cenário sobre o que acontecerá é incerto. O governo vem aumentando a pressão nos últimos dias para colocar Mantega na mineradora e as ligações de Silveira aos acionistas de referência são mais uma etapa nesse processo, que se intensificou na semana passada.

Com a transformação da Vale em uma empresa de capital disperso, o que foi feito em duas etapas, em 2017 e 2020, tornou-se difícil para os acionistas de referência conseguirem definir, sozinhos, uma questão tão relevante como a indicação do CEO.

A Previ, por exemplo, tem cerca de 10% do capital da Vale, direta e indiretamente, mas precisa compor com outros acionistas para conseguir ter maioria no conselho.

A Previ, via o presidente da fundação, João Fukunaga, é aliada do governo e tem atuado como interlocutora em Brasília para colocar Mantega na Vale. Fukunaga não fala sobre o assunto.

Não está claro, neste momento, se os acionistas de referência vão ceder diante da pressão do governo, se podem resistir à tentativa de interferência ou mesmo se dividirem na hora da decisão.

O movimento desses grandes e tradicionais acionistas, com interesses em outras áreas que também dependem do governo, pode ser decisivo para colocar Mantega na Vale ou barrá-lo.

Há ainda os acionistas independentes em relação aos quais parece também não haver propriamente um consenso em relação à recondução de Bartolomeo.

No mercado, é preciso considerar ainda a posição de acionistas como as gestoras Capital e Black Rock, com posições acionárias relevantes na Vale, que também podem influenciar nas discussões.

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