Terça-feira, 08 de julho de 2025

Na Lei de Diretrizes Orçamentárias, bolonaristas emplacam proibição de financiamento para ações contra a “família tradicional”

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro no Congresso emplacaram na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 uma emenda que leva a disputa ideológica da pauta de costumes para dentro do Orçamento da União.

O destaque (tentativa de mudança no texto-base) apresentado pelo líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), na terça-feira (19), foi aprovado pelos deputados por 305 votos a 14, com duas abstenções, e no Senado com 43 votos a 26.

A emenda dos bolsonaristas proíbe a União de realizar despesas:

  • Que, de forma direta ou indireta, promovam a invasão ou ocupação de propriedades rurais privadas, pleito da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA);
  • Que financiem ações tendentes a influenciar crianças e adolescentes, da creche ao ensino médio, a terem “opções sexuais” diferentes do sexo biológico;
  • Que banquem ações tendentes a desconstruir, diminuir ou extinguir o conceito de família tradicional, “formado por pai, mãe e filhos”;
  • Que financiem cirurgias em crianças e adolescentes para mudança de sexo;
  • Ou a realização de abortos, exceto nos casos autorizados em lei.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), classificou a emenda de fake news. “Nós temos Lei de Diretrizes Orçamentárias desde o advento do Orçamento da União. Nenhum desses dispositivos, em nenhuma dessas LDOs, nunca foi discutido e nunca foi permitido a existência disso. Por um motivo muito óbvio: não é a LDO que trata desses temas”, afirmou.

O senador também destacou que o dispositivo vai contra o ordenamento jurídico brasileiro. “Essa é uma emenda para brincar com o Congresso Nacional, para ser utilizada como discurso ideológico no submundo, no porão das redes sociais”, disse, em meio a vaias da oposição.

Por outro lado, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), defendeu a aprovação da mudança e alegou que essas sugestões contam com apoio majoritário da população brasileira.

“O povo brasileiro está cansado sobre essa situação. Estamos falando da questão do direito de propriedade. Não é lícito, correto ou normal que se utilize recursos públicos para se privilegiar ações que atentam contra a propriedade. Não é correto alocarmos recursos para fazermos um processo de doutrinação nas escolas”, afirmou.

Não é a primeira vez que a oposição ao governo Lula consegue emplacar elementos da pauta de costumes em votações importantes na última hora. Na sexta-feira (8), os bolsonaristas e a chamada bancada da bala conseguiram, na votação do último destaque à reforma tributária, derrubar a incidência do Imposto Seletivo sobre armas e munições. O tributo será usado para desestimular atividades nocivas à saúde e ao meio ambiente.

Orçamento de 2024

A LDO foi aprovada nesta terça pelo plenário do Congresso, que reúne todos os deputados e senadores. O projeto serve de base para a Lei Orçamentária Anual (LOA), que ainda precisa ser votada pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) e pelo plenário do Congresso.

Normalmente, a LDO é aprovada até julho. Neste ano, contudo, as mudanças nas regras fiscais do País, com a substituição do teto de gastos pelo novo arcabouço, atrasaram a tramitação. O texto agora vai para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Ministro Silvio Almeida pede ao Ministério Público inquérito para investigar caso de injúria racial contra ele
Michelle Bolsonaro vai ser homenageada na Assembleia Legislativa da Bahia
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play