Quarta-feira, 15 de maio de 2024

Número de mulheres que não acrescentam sobrenome do marido cresce no Brasil

A afirmação dos direitos das mulheres no Brasil tem produzido uma tendência entre aquelas que decidiram se casar.

Naquele dia de 1961, quando Irisdalva Arruda Peixoto se casou com Osvaldo Barbosa Da Silva, o sobrenome dele mudou a assinatura dela. Em 2022, quando o filho deles se casou, Ana Claudia continuou sendo Ana Claudia Aparecida Da Silveira. Ao contrário da sogra, ela pode escolher não querer o sobrenome do marido.

“Acho que nós mulheres estamos alcançando uma liberdade diferente, então a gente não se vê limitada a algumas coisas”, conta a empresária Ana Claudia Aparecida da Silveira.

“A gente nunca pensou, na realidade, nesse sentido se unir e ter que levar ambos, um o nome do outro, nem foi cogitado. Tanto que fomos ver isso no cartório, quando nos perguntaram. E foi de pronto, foi uma coisa bem natural”, explica o corretor de imóveis Osvaldo Luiz Peixoto da Silva.

Essa decisão da mulher de não incorporar o sobrenome do homem ao se casar tem se tornado cada vez mais comum. Ao longo das últimas décadas, a legislação trouxe avanços que possibilitaram a brasileira o direito de não ser mais obrigada a fazer isso e também trouxe ao homem a opção de adotar o sobrenome da mulher.

Nos registros dos casamentos heteroafetivos de 20 anos atrás, 38% das mulheres que se casaram nos cartórios optaram por manter o nome de solteira. Esse número passou para 48% em 2021. E nos cinco primeiros meses deste ano, 51% das mulheres decidiram não alterar o sobrenome.

“Esses nubentes acabam vindo ao cartório já com a ideia ou de não mudar os nomes de solteiro ou quando eventualmente aceitam acrescer ambos acabam acrescendo os sobrenomes de forma recíproca”, aponta Gustavo Fiscarelli, que é presidente da Associação Registradores Pessoas Naturais.

Quem se dedica a estudar o ser humano explica que a mudança de comportamento vem na esteira da consolidação dos direitos das mulheres.

“Não há certo e errado, forma apropriada ou inapropriada, ter o nome do marido ou não ter. O importante é as mulheres poderem optar. Mas não porque isso é uma obrigação social, não porque se eu fizer isso não vou ser incluído na sociedade ou eu não vou ter o respeito das pessoas”, afirma a antropóloga.

“É o amor, é a relação, a união, a parceria que um tem que ter com o outro, não é vinculado com o sobrenome que isso é conquistado”, diz Ana Claudia.

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