Terça-feira, 24 de junho de 2025

O escândalo das joias ainda não causou dano irreversível à imagem de Jair Bolsonaro.

O escândalo das joias sauditas ainda não causou dano irreversível à imagem de Jair Bolsonaro. Mas, de todas as denúncias envolvendo o ex-presidente, este é o caso com maior potencial de estrago, com possíveis implicações sobre o governo Lula e o xadrez da oposição na preparação para 2026. Tudo depende, e muito, da continuidade das investigações.

Não houve, até agora, pesquisa de opinião pública sobre a repercussão do caso. Mas dados de redes sociais, como os coletados pela Quaest e divulgados na semana passada, indicam que o escândalo não furou a bolha bolsonarista. Parlamentares experientes relatavam a mesma percepção. Muitos estavam céticos de que o eleitor que votou no presidente mesmo após pandemia e denúncias de rachadinha esteja mudando de opinião.

Mas o desconforto de aliados do ex-presidente é nítido, pois isso pode ser apenas questão de tempo. Diferentemente de outros casos, este tem forte apelo popular. Um caso de alguém que tenta pegar escondido joias milionárias para presentear a esposa tem muito mais chance de “cair na boca do povo” do que minutas de golpe.

Além disso, Bolsonaro tem menos recursos e menos alcance para defender sua versão do que quando era presidente. Aliados da época de campanha, como o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, já o criticam publicamente por se ausentar do Brasil em vez de liderar a oposição a Lula.

Se o escândalo parar onde está, por falta de provas ou lentidão judicial, a pressão pode se dissipar. Por enquanto, Bolsonaro é o líder de oposição mais importante; mesmo se for considerado inelegível, ainda tem força para indicar um sucessor (ou sucessora). Mas, se as investigações continuarem, e novas provas continuarem surgindo, o caso pode sedimentar uma visão mais negativa do ex-presidente. Uma erosão contínua, como a que afetou Lula na década passada. Muitos eleitores ainda seguirão fiéis a Bolsonaro, mas outros que votaram no ex-presidente poderão rejeitá-lo com mais força, abrindo espaço para outros nomes de oposição.

Efeitos

Tudo isso tem efeito sobre o dia a dia do governo Lula. O presidente tem mostrado ansiedade com seus índices de popularidade porque sabe que foi eleito por margem pequena e enfrenta, do outro lado, oposição bastante hostil. Essa ansiedade tem atrapalhado a política econômica do governo, com discursos e decisões que contrariam esforços do Ministério da Fazenda para estabilizar as expectativas.

O risco de recessão é o que mais aflige o governo, pois poderia reduzir a aprovação do presidente. Mas, com Bolsonaro acuado, a pressão sobre o governo é um pouco menor, o que pode ajudar a limitar erros. (Opinião/Silvio Cascione)

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