Quinta-feira, 03 de outubro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 21 de outubro de 2023
A Operação Última Milha deflagrada pela Polícia Federal (PF) para apurar um esquema de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, coloca o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor do órgão, no centro das atenções do caso de monitoramento de políticos, jornalistas, advogados, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e adversários do governo do ex-chefe do Executivo.
Aliado fiel do clã Bolsonaro, Ramagem esteve à frente do Abin durante o período em que os servidores presos teriam utilizado a estrutura estatal para localizar os alvos da espionagem, entre julho de 2019 e abril de 2022. A operação desta sexta-feira (20) prendeu dois servidores da Agência Brasileira de Inteligência que usaram indevidamente o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção: Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky.
As ordens foram expedidas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que determinou ainda o afastamento de cinco servidores da Abin, entre eles, dois diretores atuais do órgão. Na casa de um deles, Paulo Maurício, a PF apreendeu US$ 171 mil em espécie durante as diligências. A sede da Abin também foi alvo de buscas.
Pressionado pela operação da PF, Ramagem disse que as diligências só foram possíveis graças ao “início de trabalhos de austeridade” promovidos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em nota publicada nas redes sociais, Ramagem informou que o objeto da operação, a ferramenta de monitoramento FirstMile, foi adquirido em 2018, antes do governo Bolsonaro, mas que ao assumir a gestão da Abin determinou uma auditoria interna e encaminhou o contrato do sistema de espionagem para a corregedoria interna da agência. Ele não nega a ação dos servidores.
Quem é Ramagem
Delegado da Polícia Federal desde 2005, Ramagem foi coordenador da segurança de Jair Bolsonaro em 2018 após o então candidato sofrer um atentado em Juiz de Fora. Foi nessa época que ganhou a confiança dos filhos de Bolsonaro.
Após a eleição, inicialmente, Ramagem foi escalado para um cargo de assessor especial no Palácio do Planalto até que, em julho de 2019, Bolsonaro o colocou no comando da Abin, que é subordinado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), então chefiado pelo general Augusto Heleno.
Para chegar à chefia da Abin, Ramagem teve o apoio do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Aos fins de semana, ele costumava frequentar o Palácio do Alvorada levando informações estratégicas a Bolsonaro.
A confiança de Bolsonaro em Ramagem era tamanha que, menos de um ano depois, decidiu que iria promovê-lo novamente e colocá-lo na chefia da Polícia Federal. Na época, chegou a dar declarações de que a PF deveria produzir informações para que ele tomasse decisões.