Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Organização Mundial da Saúde anuncia acordo para facilitar a produção de testes de coronavírus em países mais pobres

Nesta terça-feira (23), a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou um acordo para facilitar que testes de coronavírus sejam produzidos de forma mais barata em países pobres – ou “em desenvolvimento”, no jargão moderno. A licença será gratuita para as nações de baixa e média renda.

Conforme a entidade internacional, a iniciativa representa a primeira licença transparente, global e não exclusiva de uma tecnologia sanitária de diagnóstico, contribuindo para corrigir a “devastadora desigualdade mundial” no acesso às ferramentas com tal finalidade.

“O objetivo da licença é facilitar a rápida fabricação e comercialização do teste sorológico de Covid-19 do CSIC em todo o mundo”, frisou a direção da OMS, ressaltando que no foco estão testes fáceis de usar, até mesmo em ambientes rurais com uma infraestrutura básica de laboratório, de forma suficiente até para diferenciar anticorpos de pessoas vacinadas ou que já foram infectadas.

O acordo foi assinado pelo Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), pelo Medicines Patent Pool (MPP) e pela plataforma de troca de conhecimentos Covid-19 Technology Access Pool (C-TAP) da Organização Mundial da Saúde.

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom espera que esse exemplo possa inspirar outros desenvolvedores a também compartilharem ferramentas contra a pandemia, inclusive medicamentos e vacinas:

“Peço aos que desenvolvem vacinas, tratamentos e ferramentas de diagnóstico de covid que sigam esse exemplo e mudem o rumo da devastadora desigualdade mundial que esta pandemia evidenciou”.

Quarta onda

O mundo está entrando em uma quarta onda da pandemia de coronavírus. A avaliação é da diretora-geral-adjunta de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da OMS, a brasileira Mariângela Simão.

“Estamos vendo a ressurgência de casos de covid na Europa, com 440 mil novos casos confirmados em 24 horas [na segunda-feira]”, frisou. “E isso que há subnotificação em vários continentes. O mundo está entrando em uma quarta onda, mas as regiões têm tido um comportamento diferente em relação à pandemia”.

Ainda segundo ela, o vírus continua evoluindo com variantes mais transmissíveis. Mas com o avanço da vacinação houve uma dissociação entre casos e mortes, pelo fato de a imunização ter reduzido os óbitos decorrentes da doença. Mariângela chamou a atenção para o fato de que a vacinação reduz as hospitalizações mas não interrompe a transmissão.

A diretora-geral-adjunta da entidade avalia que os novos picos na Europa se devem à abertura e flexibilização das medidas de distanciamento no verão, além do uso inconsistente de medidas de prevenção em países e regiões?

“O aumento da cobertura vacinal não influencia na higiene pessoal, mas tem associação com diminuição do uso de máscaras e distanciamento social. Além disso, há desinformação, mensagens contraditórias que são responsáveis por matar pessoas”.

Um problema grave, acrescentou, é a desigualdade no acesso às vacinas: “Foram aplicadas mais de 7,5 bilhões de doses. Em países de baixa renda, há menos de 5% das pessoas com pelo menos uma dose. Um dos fatores foi o fato de os produtores terem feito acordos bilaterais com países de alta renda e não estarem privilegiando vacinas para países de baixa renda”.

Outro obstáculo é a concentração em poucos países que dominam tecnologias utilizadas para a produção de vacinas, como o emprego do RNA mensageiro, como no caso do imunizante da Pfizer.

Mariângela Simão considera que o futuro da pandemia depende de uma série de fatores. O primeiro é a imunidade populacional, resultante da vacinação e da imunização natural. Já o segundo é o acesso a medicamentos. E o terceiro é como irão se comportar as variantes de preocupação e do quão transmissíveis elas serão.

O quarto é a adoção de medidas sociais de saúde pública e a aderência da população a essas políticas. “Onde medidas de saúde pública são usadas de forma inconsistente os surtos continuarão a ocorrer em populações suscetíveis”, projetou. A diretora da OMS defende que além das medidas de prevenção é preciso assegurar a equidade no acesso a vacinas, terapias e testagens.

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