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Redação do Jornal O Sul
| 13 de outubro de 2021
Outra ex-funcionária do Facebook, Sophie Zhang, está disposta a testemunhar no Congresso americano para revelar informações sobre o funcionamento da big tech que possam apontar riscos à sociedade.
Ela fez essa afirmação à rede de TV americana CNN em uma entrevista na última terça-feira (12), que já está sendo comparada às declarações dadas pela ex-gerente da rede social Frances Haugen à rede CBS e ao Senado americano na semana passada.
Zhang alega se sentir com “sangue nas mãos” depois de sair da empresa, e teria passado documentos do Facebook para uma agência de fiscalização dos EUA.
Zhang trabalhou por quase três anos na big tech como cientista de dados e foi demitida do Facebook em 2020. Ela teria afirmado em documento que a empresa não estava fazendo o suficiente para combater ódio e desinformação nas plataformas, sobretudo em países em desenvolvimento, segundo disse à CNN. Ela teria sido demitida oficialmente por problemas de performance.
Na entrevista, a ex-funcionária afirmou que parecia haver apoio bipartidário no Congresso para ações relacionadas à proteção de crianças on-line que ela considera necessárias, na linha do testemunho da ex-funcionária Frances Haugen ao Senado americano na última semana.
Uma das principais denúncias de Frances foi a de que a empresa liderada por Mark Zuckerberg prioriza a rentabilidade sem se preocupar com a segurança de crianças e adolescentes no Facebook e no Instagram, plataformas sociais do mesmo grupo, que também controla o WhatsApp.
“Eu providenciei a documentação detalhada referente a potenciais violações criminosas a uma agência de fiscalização dos Estados Unidos. Meu entender é que a investigação ainda continua”, postou Zhang em uma rede social no último domingo.
A principal alegação de Zhang, segundo a CNN, é que o Facebook não trabalha o suficiente para rastrear e conter abusos da plataforma em países que não os Estados Unidos.
Um porta-voz do Facebook disse à CNN que a empresa investiu bilhões de dólares em segurança e preservação nos últimos anos e que já derrubaram mais de 150 redes em mais de 50 países que “tentavam manipular o debate público” desde 2017.
Lançamentos adiados
Segundo o The Wall Street Journal, o Facebook está adiando lançamentos de produtos e recursos para realizar “análises de reputação”, enquanto lida com denúncias de ex-funcionários internos, vazamento de dados e processos no Congresso dos Estados Unidos.
A empresa, que enfrenta um período de muita atenção por parte do público e das autoridades, anunciou que irá pausar o desenvolvimento do Instagram Youth — plataforma projetada para crianças com menos de 13 anos. Em setembro, uma reportagem do The Wall Street Journal divulgou pesquisas internas do Facebook comprovando que o Instagram fazia mal para a saúde mental de garotas adolescentes.
Recentemente, o Facebook também baniu um grupo de acadêmicos que realizavam pesquisas sobre a transparência dos anúncios da plataforma e a disseminação de fake news. O grupo disse que a pesquisa estaria sendo silenciada e a justificativa do Facebook foi “imprecisa”. Esses comportamentos só fortalecem os indícios de que a empresa está tendo dificuldades em lidar com a crise de imagem.