Quinta-feira, 30 de outubro de 2025

“Parei de sentir dor”: cannabis ajuda brasileiro a encarar maior competição de triatlo do mundo

Todos os dias, o empresário Fernando Paternostro, de 43 anos, acorda às 4 da manhã e treina por quatro horas. O objetivo é alcançar o físico necessário para participar do IronMan, a maior competição de triatlo do mundo, que desta vez ocorrerá em Florianópolis no próximo domingo (28). A prova inclui natação, ciclismo e corrida, o que exige muito do corpo, mas também da mente, já que, ao todo, o percurso pode durar 17 horas. Para isso, ele conta com uma aliada: a cannabis medicinal.

Com rotinas de preparação intensas, o atleta está sujeito a sofrer uma série de lesões. Em outra ocasião, Paternostro chegou a ter canelite e fascite plantar, o que fez com que apelasse para os anti-inflamatórios. Mas o problema virou uma bola de neve: de tantos remédios, surgiram as dores estomacais. Quando o exercício virou um problema de saúde, o empresário resolveu testar o uso do canabidiol (ou CBD, substância derivada da cannabis, conhecida amplamente como maconha).

“Acho que a principal mudança que vi, no curto prazo, foi a diminuição das inflamações. Comecei a usar a cannabis depois de passar por uma consulta médica e isso melhorou a minha dedicação ao esporte, porque parei de sentir dores”, disse o empresário.

Ele não é o único. Após passar por um quadro depressivo tão grave que quase o fez tirar a própria vida, o atleta olímpico Daniel Chaves, 34, atribui sua estabilização psicológica à cannabis. Já o campeão brasileiro de remo no single skiff, prova que define o melhor do ramo no país, Tomás Levy, 20, usa a substância para lidar com a síndrome de Tourette. É o mesmo caso do lutador Antônio Carlos Júnior, o Cara de Sapato.

Tendência no esporte

Nascido em São Paulo, o primeiro contato que Paternostro teve com a cannabis só foi ocorrer em 2005, no período em que morou na Espanha. Quando percebeu o potencial que existia neste segmento, em 2018, viajou para os Estados Unidos e passou a explorar o mercado como investidor. Hoje, ele é o fundador da comunidade Atleta Cannabis e CEO do myGrazz, primeiro aplicativo de cannabis medicinal do Brasil.

“Nessas viagens, percebi que a utilização deste recurso no esporte seria tendência no mercado e que ainda não tinha no país. Achei que poderia ser uma oportunidade legal, tanto do ponto de vista do negócio, para trazer inovação, mas também pelo viés educativo, porque não se falava sobre o assunto por aqui”, relembrou.

O momento não poderia ter sido mais oportuno. No mesmo ano, a Agência Mundial Antidoping (Wada) decidiu retirar o CBD da lista de substâncias proibidas no esporte. O coordenador da comissão antidoping da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Fernando Solera destacou que o uso do óleo de canabidiol não faz mal à saúde, embora tenha advertido que o THC, entorpecente, permanece proibido.

“Há muitos trabalhos que mostram que as dores musculares diminuem [com o uso da cannabis]. Tenho a impressão de que muitos atletas estão optando por esta substância, que é permitida. E não há nada de errado nisso, pelo contrário. Ela pode ser muito melhor que outros remédios, por exemplo, porque não causa dependência física ou química.”

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