Quinta-feira, 27 de março de 2025

Paris é palco de manifestação neonazista; polícia e ministros são criticados

A polícia de Paris e o Ministério do Interior da França foram alvos de críticas nessa segunda-feira (8), após a autorização de uma manifestação com cerca de 600 neonazistas nas ruas da capital francesa no último sábado. Vestidos de preto, manifestantes de extrema direita caminharam pelas ruas de um bairro da capital sob supervisão da polícia, com bandeiras que marcavam o aniversário de morte do ativista de extrema direita Sebastien Deyzieu, em 1994.

O senador do Partido Socialista David Assouline foi a uma rede social e mandou uma mensagem ao ministro do Interior, Gérald Darmanin: “Explique-se! “É inadmissível ter permitido que 500 neonazistas e fascistas desfilem no meio de Paris. Suas organizações, a exibição de sua ideologia, slogans e insígnias são tão insultantes para os mortos quanto incitam o ódio racial”, afirmou Assouline.

A França comemorou nesta segunda-feira a vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazista em 1945, assim como recordou as vidas perdidas na luta contra o fascismo.

Essa concentração da extrema direita, autorizada pela cidade, acontece em um momento que as autoridades reprimem os panelaços contra o governo. “Os panelaços são aparentemente mais perigosos que os barulhos de botas militares”, disse o porta-voz do partido Comunista, Ian Brossat.

A instituição de caridade de esquerda Attac também criticou esta manifestação “do ódio com total impunidade, no centro de Paris”. O intelectual Jacques Attali classificou o ato como “intolerável”.

Polícia tenta se justificar – O departamento de polícia parisiense explicou em comunicado nesta segunda-feira que, sem “risco demonstrado à ordem pública”, não tinha poder legal para interromper a manifestação, que já aconteceu sem incidentes em outros anos.

Na segunda-feira, as manifestações estavam proibidas nas redondezas do Champs-Elysees, onde Macron participou de uma cerimônia em 8 de maio, no memorial da guerra no Arco do Triunfo.

O presidente também prestou homenagem ao herói da resistência francesa Jean Moulin, em Lyon. As manifestações também foram proibidas na cidade, apesar do sindicato CGT entrar com um recurso – rejeitado por um tribunal local.

Fortalecimento de paramilitares

Incorporados aos esforços de guerra de Kiev e Moscou, grupos paramilitares se tornaram uma extensão íntima das tropas regulares de Ucrânia e Rússia. Mercenários, pró-separatistas e ultranacionalistas receberam missões estratégicas e concessões especiais, foram abastecidos com armamentos modernos e conquistaram um reconhecimento público ao longo de mais de 14 meses de combate — o que pode criar efeitos adversos para os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, da Rússia, Vladimir Putin, e até mesmo para um eventual (no momento, improvável) acordo de paz.

Seja apoiando a Rússia ou a Ucrânia, paramilitares foram e são utilizados largamente na linha de frente do conflito, principalmente no Leste ucraniano. Em Bakhmut, as ações russas são coordenadas pelo grupo mercenário Wagner. Em Mariupol, em abril do ano passado, o Batalhão Azov foi a última linha de defesa ucraniana contra a ofensiva russa. Logo após a autorização da invasão pelo Kremlin, em 24 de fevereiro de 2022, separatistas das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk, lideradas respectivamente por Denis Pushilin e Leonid Pasechnik na região do Donbass, foram os primeiros a se engajar em combate.

Embora sejam considerados ativos valiosos no cenário de guerra, especialistas veem com ressalvas o fortalecimento dos grupos por sua aparente pouca ligação com a cadeia de comando e hierarquia das Forças Armadas. Tentativas de Zelensky de desmobilizar os paramilitares ultranacionalistas no Leste da Ucrânia anos antes da guerra não tiveram sucesso — com o jornal Kyiv Post chegando a registrar bate-bocas entre o então político recém-eleito e combatentes.

“O monopólio legítimo da força na Ucrânia não é mais um monopólio, é um oligopólio. Grupos paramilitares que já tinham bastante protagonismo na região do Donbass antes da invasão russa ganharam uma ligação com o Ocidente, por meio do escoamento de armas e o treinamento em larga escala”, afirmou a professora Mariana Kalil, da Escola Superior de Guerra, referindo-se a paramilitares ucranianos. “Se a solução para o conflito passar por uma cessão ou autonomia territorial de Donetsk e Luhansk, os grupos pró-Ucrânia vão aceitar?”, indagou.

Por outro lado, se a Rússia por ventura aceitar, em uma negociação de paz, abrir mão das províncias de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporíjia — que anexou em setembro do ano passado, em ação considerada ilegal pela comunidade internacional —, não há garantia de que os separatistas pró-Moscou acompanhem sua decisão. Dessa forma, Kiev continuaria com rebeldes armados em seu território, conjuntura que enfrenta há nove anos.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Mais um empresário brasileiro da educação vende mansão na Flórida: 50 milhões de reais
Ucrânia abate 35 drones sobre Kiev; ataques matam quatro
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play