Sábado, 04 de maio de 2024

Partidos de Lula e Bolsonaro recorrem ao Tribunal Superior Eleitoral e pedem cassação do mandato de senador de Sergio Moro

O Partido Liberal (PL) e a Federação Brasil da Esperança, formada por Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Verde (PV), apresentaram recursos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para pedir a cassação do mandato do senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil).

As legendas acusam Moro de abuso de poder econômico, abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação em sua pré-campanha nas eleições de 2022.

No início deste mês de abril, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) negou o pedido dos autores. O colegiado não constatou provas de que os gastos da pré-campanha do ex-juiz tenham desequilibrado a disputa ao Senado pelo Paraná naquele ano.

Em seu recurso, o PL defende a aplicação do mesmo entendimento que prevaleceu na Justiça Eleitoral em 2019 no julgamento de cassação do mandato da ex-senadora Selma Arruda (Podemos), conhecida nas urnas como Juíza Selma, por ser magistrada aposentada.

A decisão foi tomada devido aos gastos exorbitantes na pré-campanha de Arruda em 2018. Nesse período, ela recebeu um empréstimo de R$ 1,5 milhão, que foi usado para contratar empresas de pesquisas e de marketing. O valor era bem maior do que o teto de investimento para candidatos ao Senado por Mato Grosso e a despesa foi considerada como típica de campanha.

Para os advogados Bruno Cristaldi, Marcelo Delmanto Bouchabki, Nathália Ortega da Silva e Guilherme Ruiz Neto, que assinam o recurso do PL, o caso de Arruda “é, sem sobra de dúvidas, adequado para dar norte, uma vez que tratou, em seu bojo, de sopesar o abuso do poder econômico justamente na fase que antecede o período eleitoral propriamente dito”.

Nas ações, o PL e a Federação Brasil da Esperança alegam que a pré-campanha de Moro à Presidência da República e a consequente exposição do político influenciaram a disputa ao Senado pelo Paraná em 2022. De início, o ex-juiz iria concorrer ao cargo de presidente pelo Podemos. Mais tarde, ele deixou o partido, filiou-se ao União Brasil, desistiu da Presidência da República e se lançou candidato a deputado federal por São Paulo.

Após o TRE-SP cancelar a transferência de domicílio eleitoral de Moro para a capital paulista, ele se tornou candidato a senador pelo Paraná e foi eleito.

De acordo com os partidos, os gastos da pré-campanha a presidente, somados aos da pré-campanha e da campanha ao Senado, violaram a “igualdade de condições entre os concorrentes” no Paraná. Isso porque as despesas ultrapassaram o limite, estabelecido pelo TSE, para a disputa à casa legislativa.

Ao pedir a cassação para o TRE-PR, o PL já havia citado “fortes indícios de corrupção” da campanha de Moro. A acusação é baseada no fato de que o ex-juiz contratou empresas de membros da campanha para atuar na sua candidatura, incluindo o escritório de advocacia do suplente Luis Felipe Cunha — seu “amigo íntimo”.

Antes desta contratação, a curta trajetória no Podemos e a posterior filiação ao União Brasil teriam concedido a Moro uma vantagem indevida em relação aos outros candidatos.

O PL argumentou que o ex-juiz se filiou ao Podemos e, depois disso, a sigla contratou determinadas empresas, todas ligadas a membros de sua pré-campanha (como Cunha, Uziel Santana e Pablo Nobel). Depois de sua saída e filiação ao União Brasil, as empresas tomaram o mesmo rumo e rescindiram o contrato.

Os advogados apontaram que o limite de gastos para presidente era de R$ 88,9 milhões — muito superior ao limite para o cargo de senador pelo Paraná.

Para eles, a superexposição de Moro é “inegável”, pois o então candidato protagonizou pesquisas, entrevistas e até propaganda partidária para as duas siglas: “Se mostra natimorta qualquer aspiração defensiva de sugerir que o eleitorado paranaense não acompanha a corrida presidencial.”

Os gastos apontados envolvem também “transporte, hospedagem, segurança, apoio profissional das mais variadas áreas, pagamento de salário como suposto dirigente partidário e muitos outros benefícios”.

O Ministério Público Eleitoral paranaense se manifestou de forma favorável à perda do mandato por abuso de poder econômico. O órgão afirmou que houve gastos de R$ 2,03 milhões na pré-campanha de Moro, somados os valores indicados em notas fiscais enviadas pelo União Brasil e pelo Podemos.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Política

Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, realiza primeiras cirurgias de quadril com equipamento robótico no Paísil
Invasores tentaram movimentar recursos em ao menos três órgãos federais
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play