Gilmar Mendes está em Portugal, mas tem mantido reuniões virtuais. O ministro é o relator da ação apresentada pelo governo pedindo para sejam suspensas todas as leis estaduais que tratam do ICMS incidente sobre combustíveis. Uma forma de garantir a fixação do teto da alíquota. Na ação, a União pede ao Supremo que estabeleça como regra a obrigatoriedade de todos os Estado e o Distrito Federal obedecerem o critério da essencialidade, não podendo ser fixadas alíquotas em patamar superior ao das operações em geral.
Mendes tenta construir um acordo entre União, Estados e Legislativo. Uma primeira reunião de conciliação ocorreu na semana passada. Em outro processo, relatado pela ministra Rosa Weber, um grupo de 12 governadores pediram que seja suspensa a lei complementar que fixou um teto entre 17% e 18% das alíquotas dos combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte urbano. Com a lei, esses bens e serviços passaram a ser considerados essenciais.
Daí, a fixação do teto da alíquota para a cobrança do ICMS. Os Estados, porém, se dividiram e muitos passaram a adotar o teto, entre eles São Paulo, que conta com a maior arrecadação do ICMS do País.
Há uma preocupação na área econômica que a tensão política entre o presidente Bolsonaro e o Congresso com o STF se alastre entrando no território da economia. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), também tem conversado com o ministro Gilmar Mendes, que deu sinais que quer manter o diálogo aberto para encontrar uma solução para o ICMS que não comprometa as finanças dos Estados e municípios no futuro.
Em despacho, Mendes chamou atenção para o impacto da mudança no ICMS, que pela lei aprovada será permanente. “O direito constitucional não repudia medidas excepcionais, como já foi reconhecido em outros momentos, mas não tolera que aquelas se transformem em permanentes, as quais necessitam ter um termo final, não podendo assumir caráter de definitividade”, escreveu o ministro no despacho, publicado no último dia primeiro. No texto, o ministro destaca que a lei contém lacunas “ou incompletudes”, que demandam aprimoramentos legislativos.
Com esse despacho, a expectativa é de um acordo para que o teto das alíquotas fique em vigor até o final de dezembro. Depois, seria negociada uma modulação gradual para a queda das alíquotas ao longo dos próximos anos a depender do cenário econômico.
Já no caso do IPI, a expectativa é que o Moraes exclua os produtos produzidos na Zona Franca da lista de 4 mil produtos que terão a alíquota do imposto reduzida em 35%. Essa medida manteria a competitividade das indústrias da região, já isentas de imposto.