Sábado, 20 de abril de 2024

Polícia Federal cita suposto pagamento de 750 mil reais em propina para desembargadores e juiz de Goiás ao pedir prisão do padre Robson

O pedido de prisão feito pela Polícia Federal contra o padre Robson de Oliveira envolve a suspeita de pagamento de propina de R$ 750 mil por parte dele para dois desembargadores e um juiz substituto do Tribunal de Justiça de Goiás. De acordo com o documento, a negociação seria destinada para o ganho de uma ação judicial da compra de uma fazenda.

O pedido de prisão foi protocolado no Superior Tribunal da Justiça (STJ), mas, conforme informações do advogado do padre, Cléber Lopes, o documento ainda não havia sido julgado até a tarde deste sábado (20).

O STJ disse, em nota, que “não divulga informações sobre ações originárias em segredo de Justiça, as quais estão sob o comando dos respectivos relatores, sob pena de prejuízo ao andamento das investigações”.

A defesa do padre disse que os fatos usados para fazer o pedido são antigos e que não existe justificativa para a prisão. Além disso, foi feita uma representação contra a solicitação da Polícia Federal.

O pedido de prisão temporária é contra o padre Robson de Oliveira, o advogado Cláudio Araújo Pinho, os dirigentes da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), Anderson Reiner Fernandes e Rouane Carolina Azevedo e o contador da associação José Pereira.

Suposta propina

A PF começou a investigar os suspeitos porque, durante a apuração feita pelo Ministério Público de Goiás, apareceu um áudio do padre em que ele falava sobre o pagamentos de propina a desembargadores.

“Estou em uma situação que está complicando minha vida. Fez um documento de acordo extrajudicial em termo de sub-rogação de valores lá daqueles R$ 600 mil que passei através do Medeiros para aquele desembargador. E colocando assim, parecendo que existe um mútuo, um contrato de empréstimo feito para o Medeiros, como se eu fosse sub-rogar para o Medeiros”.

No pedido de prisão, a PF também cita outro trecho da conversa entre o padre, o advogado Cláudio Pinho e o ex-dirigente da Afipe, Anderson Fernandes.

O advogado diz: “Deixa eu falar um negócio para senhor, só para relembrar. Uma parte desse valor. Entendeu. Já não me pertence, já está comprometido e isso eu preciso acertar”.
Anderson fala para o padre: “Eu quero ser bem mais claro. Ele está dizendo que para ganhar lá, no Tribunal, ele comprou pessoas”.
O padre questiona: “Qual é essa parte?”
Anderson relembra: “O senhor se comprometeu com R$ 750 mil lá”.
Na sequência o advogado diz: “Só para o senhor ter noção, dos três desembargadores, R$ 500 [mil] para um e o resto é dividido para dois. Para os outros dois, entendeu? Então, a gente não pode deixar fechar essa porta de jeito nenhum”.

Os investigadores afirmam no documento que a conversa diz respeito ao pagamento do trabalho do advogado no valor de R$ 1,5 milhão. No entanto, metade desse valor teria sido usado para comprar pessoas e ganhar a ação no Tribunal de Justiça.

A corporação cita ainda que, durante a operação Vendilhões, feita em agosto de 2020, foi apreendido um bilhete no carro do padre com a inscrição: “Desembargadores R$ 600 mil”.

O bilhete, segundo o documento, leva a crer que se trata do acerto aos desembargadores mencionado na reunião gravada entre o padre, o advogado e o ex-dirigente da Afipe.

Desembargadores

No documento que faz o pedido de prisão ao STJ, a Polícia Federal afirma que o pagamento de propina ocorreu, mas não sabe como aconteceu o acerto, nem quem recebeu o dinheiro a mando ou a nome de desembargadores. Por isso, a necessidade de aprofundar nas investigações para que o fato seja esclarecido.

‘Para o bem dos goianos e do sistema judiciário e não continue coberto pelo manto da impunidade dos poderosos”, relatou a PF.
Ainda no documento, a PF lembra que padre Robson havia perdido um processo em primeira instância e recorreu ao Tribunal de Justiça. O recurso, segundo a investigação, foi julgado pela 2ª turma da 1ª Câmara Cível.

Com isso, a Polícia Federal aponta que as autoridades judiciais supostamente envolvidas no fato seriam a desembargadora relatora Amélia Martins de Araújo, o juiz substituto em segundo grau, Roberto Horácio Rezende e o desembargador, agora aposentado, Orloff Neves Rocha.

O que diz a defesa dos desembargadores e juiz:

O advogado Luis Rassi, que defende os três citados no inquérito, disse que o Tribunal de Justiça de Goiás, ao saber das suspeitas, tomou a iniciativa de pedir a apuração dos fatos no âmbito administrativo e judicial.

A nota diz ainda que a conclusão do TJ foi de que os desembargadores foram vítimas de “um vendedor de fumaça”, que utilizou os nomes deles indevidamente.

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