Por Redação do Jornal O Sul | 24 de fevereiro de 2024
Organizadores de caravanas para acompanhar o ato em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista neste domingo estão aproveitando para fazer publicidade para si mesmos, em ano eleitoral. A iniciativa busca capitalizar o investimento e o esforço ao enviar centenas de pessoas para a manifestação com a finalidade de ganhar capital político nas eleições municipais de 2024.
As convenções partidárias para as eleições de outubro serão realizadas entre 20 de julho até 5 de agosto. Nas convenções, os partidos escolhem, por meio dos seus filiados, quem serão os candidatos no ano eleitoral.
As passagens para a capital paulista variam entre R$ 60 e R$ 220. Muitas caravanas são associadas à imagem de político local. A maior parte foi candidato a vereador, em 2020, ou pleiteou cargo de deputado estadual ou federal, em 2022. Nenhum deles se elegeu, sendo que um já se declarou pré-candidato a prefeito.
Os mobilizadores divulgaram a iniciativa em seus perfis nas redes sociais, exibindo sua imagem e telefone. Eles contaram com o apoio de outros bolsonaristas, que espalharam o conteúdo nas redes e em aplicativos de mensagem.
Quem entrasse em contato interessado em aderir à caravana para a Paulista era redirecionado para grupos no WhatsApp para receber detalhes sobre a viagem, mas também para receber conteúdo político sobre temas dos municípios.
Pré-candidatos
O mais ambicioso deles é Ricardo Molina. Ele teve 52.214 votos para deputado estadual em São Paulo, em 2022, e não foi eleito. Agora pré-candidato à prefeitura de Araraquara (SP) pelo Republicanos, ajudou na publicidade de uma caravana em Santa Bárbara d’Oeste (SP). Ele tem o apoio do vereador do município Felipe Corá (Patriota).
Como ato simbólico, o ônibus divulgado por Molina partirá da Havan, loja de variedades de propriedade de Luciano Hang, um dos mais conhecidos bolsonaristas no País. “Vai ser gigante! Dia 25 eu vou!”, diz o cartaz divulgado por ele em seu perfil nas redes sociais, em que aparece em uma montagem com Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a deputada Carla Zambelli (PLSP) e Corá. A mesma imagem é usada por grupos bolsonaristas em outras plataformas.
Juciane Cunha é uma das organizadoras de caravana em São José dos Campos (SP). Ela pleiteou cargo na Assembleia Legislativa de São Paulo, teve 16.680 votos e não foi eleita. Um dia após a convocação de Bolsonaro para a manifestação, Juciane divulgou cartaz em que aparece com a bandeira do Brasil sobre o ombro e a Paulista como imagem de fundo.
Ela cobra R$ 60 para quem desejar ir ao ato. O valor deve ser pago para uma chave Pix. Pelo menos 224 pessoas haviam manifestado interesse em participar da caravana de Juciane. O grupo foi desativado após uma pessoa conseguir invadir a página e vandalizar, publicando imagens pornográficas. Por causa disso, a administração precisou banir todos os integrantes.
Rio de Janeiro
No Rio, a assessora do deputado estadual fluminense Alan Lopes (PL), Mônica Cury, organiza uma caravana que partirá do bairro do Leme, na capital do Estado.
Mônica disputou vaga na Câmara dos Deputados, em 2022, e perdeu. Apenas 594 pessoas votaram nela. O grupo que ela batizou de “Caravana da Turma da Mônica” reúne quatro ônibus. O último tem 44 lugares e havia 36 pessoas na lista até a tarde de anteontem.
Quem pagar a taxa de R$ 200 por Pix na chave de Adhemar Souza ou por transferência bancária terá acesso a um ônibus com poltrona reclinável, banheiro, tomada USB e água. Haverá também um pequeno lanche de cortesia.
Mônica orienta que quem for leve verde e amarelo, capa de chuva, repelente, casaco, mochila com roupas, manta e travesseiro.
Marcelo Castro, de São Gonçalo (RJ), é um bolsonarista fiel. Ele acompanha eventos conservadores, é anfitrião de um podcast de política e já tirou foto com Bolsonaro e políticos bolsonaristas. Castro organiza uma caravana que levará dois ônibus para São Paulo. A passagem custa R$ 200.
Candidato a vereador na cidade em 2020, teve apenas 429 votos. Gravou vídeo apelando para que as pessoas vistam verde e amarelo no domingo.
