Sexta-feira, 04 de julho de 2025

Presidente do Banco Central diz que precisamos focar em reformas estruturais, e não só em juros

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nessa sexta-feira (19) que o País precisa se focar em promover mais reformas estruturais para reduzir a taxa neutra de juros e aumentar o crescimento potencial do Produto Interno Bruto (PIB). Ele participou de evento organizado pelo BC, em São Paulo.

“Nós falamos demais, gastamos muito tempo, e é nosso trabalho no Brasil (discutir) a taxa Selic, se vai subir, cair, o que vamos fazer. Mas, quando olhamos para além disso, precisamos focar nas reformas estruturais”, afirmou Campos Neto.

Ele defendeu que o crescimento estrutural do Brasil vem em queda e disse que o equilíbrio entre dívida mais alta, juros neutros elevados e baixo PIB potencial é muito negativo para o Brasil.

Campos Neto afirmou que o custo econômico de se levar a inflação para a meta pode ser o grande tópico econômico daqui para a frente. Ele disse que ainda há dúvidas sobre qual o nível no qual a inflação vai parar no mundo, se perto das metas ou além.

O presidente do BC defendeu o sistema de metas de inflação e disse ser necessário promover a convergência. “As metas de inflação serviram bem, e precisamos perseverar na inflação. Precisamos garantir que vamos trazer a inflação às metas”, disse.

Economia mais forte

Os números melhores do que o esperado da economia brasileira no primeiro trimestre estão levando bancos e consultorias a projetar um resultado mais positivo para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2023. Se na virada do ano, a expectativa era de um crescimento abaixo de 1%, as novas previsões estão migrando para um faixa entre 1,5% e 2%.

A divulgação do Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) reforçou um cenário melhor para a economia brasileira. Conhecido como uma prévia do PIB , o índice avançou 2,41% no primeiro trimestre, o terceiro maior ganho para o período na série histórica do BC.

“Os dados, de maneira geral, mostram que a economia continua mais resiliente do que se imaginava”, afirma Gustavo Arruda, diretor de Pesquisa para América Latina do BNP Paribas.

São vários os motivos que explicam o resultado da economia brasileira neste início de ano:

– O primeiro deles tem a ver com o desempenho do setor agropecuário. A safra agrícola de 2023 deve totalizar um recorde de 302,1 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 14,8% na comparação com 2022, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O carro-chefe certamente será (o PIB da) agropecuária, com alta de 8,3% no trimestre e pouco mais de 6% na comparação com o quarto trimestre [de 2022]”, escreveu em relatório o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. A consultoria aumentou a estimativa de crescimento deste ano de 1% para 1,3%.

– Segundo, serviços e varejo também se mostraram resilientes e cresceram acima do esperado. Em março, por exemplo, esses setores avançaram 0,9% e 0,8%, respectivamente.

“O consumo veio mais forte do que a gente imaginava”, afirma Alessandra Ribeiro, sócia e economista da consultoria Tendências. “E isso ocorreu pelo impacto da transferência social com o Bolsa Família, a resiliência do mercado de trabalho formal e a desaceleração da inflação”, diz. A Tendências ainda trabalha na revisão dos números, e deve subir a expectativa de crescimento do PIB neste ano de 1% para algo próximo de 1,4%.

– E, por fim, a economia global está com um desempenho melhor do que o esperado. Nos Estados Unidos, por exemplo, a economia ainda dá sinais de força, apesar do aperto monetário. E na Europa, também há uma revisão positiva dos números de crescimento diante de um menor impacto da crise energética e dos incentivos fiscais promovidos pelos países.

“Não só o Brasil demonstrou resiliência nesse início de ano, mas também os Estados Unidos, Europa e a China, após a pandemia de Covid-19″, diz Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank. O banco projeta um crescimento do PIB 1,5% neste ano, mas coloca um viés de alta nessa previsão.

Um desempenho da economia também já é incorporado pelo governo. Na quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que sua equipe de economistas está revisando a expectativa de crescimento da economia neste ano de 1,6% para 1,9%.

“É possível 2% (de crescimento em 2023)? Sim, mas, hoje, a projeção de 1,4% é mais condizente com a nossa realidade e a realidade do que vem acontecendo lá fora”, diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating. Antes da divulgação do IBC-Br, a casa estimava um crescimento de 0,7% para o PIB deste ano.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Desarticulação faz Lula enfrentar maior número de CPIs em início de governo
Janja nos acusou só para comprar móveis sem licitação, diz Michelle Bolsonaro
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play