Sábado, 18 de outubro de 2025

Presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann vem enfrentando desgaste com a bancada do partido na Câmara por defender posições mais à esquerda e que por vezes colidem com a pauta econômica do governo Lula

Presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR) vem enfrentando desgaste com a bancada do partido na Câmara por defender posições mais à esquerda e que por vezes colidem com a pauta econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lideranças petistas afirmam que a dirigente está afastada da corrente majoritária da legenda, a CNB, pela qual foi eleita. É levantada, inclusive, a hipótese de Gleisi deixar o grupo, o que ela nega.

Nesse cenário, Gleisi fez ressalvas ao novo arcabouço fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Anteriormente, a dirigente petista também se posicionou contra a volta da cobrança de impostos dos combustíveis. Haddad acabou vencendo a disputa. Dos 68 deputados do partido, 38 são da CNB. O grupo, do qual Lula e a própria deputada paranaense fazem parte, é conhecido historicamente por ter posições mais moderadas em comparação com as correntes minoritárias de esquerda da sigla.

De acordo com deputados da legenda, as falas de Gleisi acabam sendo entendidas como posições do partido, embora muita vezes sejam minoritárias dentro da bancada. Em razão disso, a relação entre ela e seus colegas é considerada desgastada pelos parlamentares. O deputado Washington Quaquá (RJ), um dos vice-presidentes do PT e membro da CNB, diz que hoje estão alinhados com Gleisi na bancada apenas o ex-presidente do partido Rui Falcão (SP), Bohn Gass (RS), Pedro Uczai (SC) e Lindbergh Farias (RJ). Nenhum deles é da CNB.

“Causa desgaste. Não podemos ser um partido de oposição sendo governo. Estão querendo repetir com o Lula o que foi feito com a Dilma (Rousseff), que é estreitar a base de apoio no Congresso. Querem uma política fiscal mais radical e que não tem passagem na Câmara”, critica Quaquá.

Margem estreita

Nas duas votações mais relevantes para o Palácio do Planalto até o momento — a urgência do novo arcabouço fiscal e as mudanças no marco do saneamento, na qual Lula foi derrotado —, 118 deputados acompanharam o governo em ambas as ocasiões. O número representa 23% da Casa, patamar distante do necessário para aprovar projetos.

Líder da bancada, Zeca Dirceu (PR), também da CNB, tenta contornar as insatisfações e afirma respeitar as posições de Gleisi.

“Eu vejo a Gleisi na bancada sempre de uma forma especial e diferenciada. Ela é a única entre todos nós que não é só deputada. É presidente do partido também. Então, vejo com respeito e naturalidade algumas posições dela”.

De fora

Integrantes da direção partidária que fazem parte da CNB dizem que Gleisi não tem participado, nos últimos meses, das reuniões da corrente que são realizadas sempre antes dos encontros da executiva e do diretório nacional, principais instâncias decisórias da sigla. A presidente do partido alega que os horários dos encontros a impedem de ir. Também se queixam do esforço feito por ela para que Paulo Teixeira, da Resistência Socialista, segunda maior força interna, fosse indicado por Lula para comandar o Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Quaquá diz esperar que Gleisi não deixe a corrente e “se ajuste na política”, mas afirma que, se ela optar por abandonar a CNB, “perde a governabilidade” para continuar no comando do PT.

O mandato da deputada à frente do partido, que se encerraria este ano, foi prorrogado até 2025.

“De jeito nenhum (existe possibilidade de sair da CNB). Só se alguém quiser sair comigo”, afirmou Gleisi, ironizando em seguida o correligionário; “Considero pouco a opinião do Quaquá”.

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