Domingo, 19 de maio de 2024

Rússia finaliza referendos e planeja anexar territórios na Ucrânia

O referendo em territórios ucranianos ocupados pela Rússia terminou nesta terça-feira (27), e autoridades ligadas ao Kremlin dizem que o “sim” para anexação lidera os resultados preliminares.

De acordo com as agências Ria Novosti, Tass e Interfax, as autoridades de cada uma das quatro regiões ucranianas afetadas – Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson – disseram que o “sim” atingiu entre 97% e 98% dos votos.

Com o resultado, a Rússia deve anunciar até sexta a anexação formal de Donetsk e Luhansk, no leste, e Kherson e Zaporizhzhia, no sul. O presidente russo, Vladimir Putin, agradeceu a participação das regiões na votação, e disse que a Rússia quer “salvar essas populações”. Ele vai discursar no Parlamento russo na sexta-feira (30).

Há “uma possibilidade realista de que Putin use um discurso no parlamento russo, que a mídia estatal russa informou que ocorrerá na sexta-feira, para anunciar formalmente sua intenção de absorver as regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia da Ucrânia, apesar de condenação internacional”, disse o Ministério da Defesa do Reino Unido em seu relatório diário de inteligência sobre a guerra na Ucrânia.

Com o anúncio iminente, aumentaram temores de que Putin possa declarar lei marcial, o que levaria ao fechamento das fronteiras, impedindo a fuga da convocação de 300 mil civis determinada pelo Kremlin na semana passada. E que levou ao êxodo de homens russos em idade de combate, com congestionamentos cada vez maiores e enormes filas nas passagens de fronteira russa.

Os resultados devem ser anunciados formalmente até quarta-feira (28), mas analistas duvidam de qualquer resultado diferente de um amplo apoio à anexação. A votação foi criticada pela Ucrânia e pelo Ocidente, que acusam de ser um referendo teatral e fraudado apenas para garantir a tomada dos territórios. Essa estratégia lembra as votações encenadas em 2014 na Crimeia, que Moscou rapidamente seguiu com a anexação da península.

No entanto, a Rússia não controla totalmente nenhuma das quatro regiões, militar ou politicamente. Além disso, muitos moradores foram deslocados pela guerra e há muitos relatos de civis sendo forçados a votar sob a mira de armas ou outras formas de coerção.

Autoridades no centro da cidade de Kherson montaram um palco e trouxeram cantores e uma urna de votação, disse Serhi, um aposentado que vive na cidade ocupada, que pediu para não se identificar por medo de represálias. “Muito, muito poucas pessoas estavam lá e votaram”, disse ele ao The New York Times. Em outros lugares, ele disse, seus parentes foram visitados por soldados armados exigindo que eles votassem.

“Eles batem forte na sua porta, tocam a campainha, dão uma cédula às pessoas e apontam com seus rifles onde colocar a marca”, disse Dmitro Orlov, prefeito da cidade ocupada de Melitopol, em entrevista.

Volodimir Saldo, um ucraniano que trocou de lado para se tornar o chefe da autoridade de ocupação na região de Kherson, disse que a votação foi tranquila e as pessoas estavam participando com “entusiasmo”.

Enquanto eles votavam, ele disse, “seus olhos estão queimando, brilhando, e isso mostra sua atitude em relação a este evento”. Saldo disse na segunda-feira que votos suficientes foram dados a favor da adesão à Rússia. “Estou ansioso para ser libertado”, afirmou.

Os resultados oficiais dos referendos encenados podem ser anunciados na terça-feira e devem afirmar que a maioria dos moradores votou para se juntar à Rússia, com o Kremlin anunciando formalmente a anexação das regiões ainda nesta semana.

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