Domingo, 19 de maio de 2024

Saiba como o aquecimento global tem impactado a produção de vinhos pelo mundo

Pelas contas da Fortune Business Insights, o mercado global de vinhos deverá movimentar US$ 456 bilhões até 2028, um salto de 34% em relação a 2021. Só falta combinar com o aquecimento global. É uma das principais ameaças ao setor, tirando a circunstancial falta de garrafas de vidro, motivada pelo nó logístico da pandemia.

Em Bordeaux, os viticultores já se habituaram a uma temperatura média elevada, sobretudo na época da colheita, o que leva à diminuição do ciclo das videiras e ao amadurecimento precoce das uvas, antecipando as vindimas – hoje elas ocorrem cerca de 20 dias mais cedo do que há 30 anos.

O jeito tem sido transferir a colheita para a noite, diminuir a poda das folhas, que ajudam a proteger os cachos do sol, e dar preferência a uvas que levam mais tempo para amadurecer e resistem melhor ao chamado estresse hídrico.

No ano passado, o Conselho Interprofissional do Vinho de Bordeaux (CIVB), que rege os produtores locais, reviu as regras de suas severas Denominações de Origem Controlada (AOC) e deu sinal verde para o plantio de mais sete tipos de uva, com maiores chances de prosperar no atual cenário climático.

No Canadá ocorre o oposto. O aquecimento global está favorecendo o cultivo de castas do Velho Mundo com resultados excepcionais – a produção de vinhos no país cresceu 75% nos últimos 20 anos.

Regiões antes pouco conceituadas, como Okanagan Valley, na costa oeste do país, e Annapolis Valley, na costa leste, estão ganhando fama – duas safras do chardonnay da vinícola CheckMate, por exemplo, que fica em Okanagan, receberam 100 pontos do renomado crítico John Schreiner.

Outros efeitos na agricultura

Embora as mudanças climáticas estejam impulsionando algumas culturas em países mais frios, seus efeitos, de maneira geral, são danosos para a agricultura e preocupam não só os ambientalistas, mas também grandes players do setor.

A Cargill, uma das maiores processadoras mundiais de alimentos, quer reduzir as emissões de carbono de toda a cadeia em 30% até 2030. Promete ainda criar novas receitas para compensar os agricultores que adotarem práticas sustentáveis a pedido dela. Terceira maior fabricante de sementes, a Syngenta comprometeu-se a investir US$ 2 bilhões até 2025 para ajudar os agricultores a aderir à sustentabilidade e se antecipar às mudanças climáticas.

Veja quais são os efeitos mais visíveis do aquecimento global até agora.

— O plantio de milho nos Estados Unidos saiu da região sudeste para a centro-oeste, onde a temporada de cultivo é mais prolongada e as temperaturas, mais moderadas.

— A soja vem sendo adaptada a regiões mais quentes no Brasil e na Índia. A produção na Ucrânia está em alta, mas o aquecimento e as secas na região preocupam.

— A produção de arroz está migrando para áreas mais frias – e que exigem menos irrigação – no Brasil, na China, na Espanha e na Índia.

— O trigo que era produzido no Canadá e nas áreas mais frias da Rússia foi transferido para regiões mais quentes como o sul da Ásia, graças a investimentos em irrigação.

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