Sábado, 25 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 18 de março de 2024
Decisões do Copom e do Federal Reserve (Fed) normalmente são faróis para os investidores, mas há encontros dos colegiados dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos que trazem mais ansiedade do que o habitual. Os desta quarta-feira (20) se enquadram aí.
Ambos podem trazer mudanças na comunicação, o que, no jargão do mercado, denomina-se “guidance”. Em outras palavras, o que esperar do futuro próximo. Mudanças em taxas de juros impactam retorno dos investimentos, alocação de recursos, e, na ponta final, o cidadão, o consumidor, a vida real.
No caso do Copom, os cortes da Selic feitos desde o início do ciclo de flexibilização em agosto, até janeiro, de 2,5 pontos percentuais (pp) no total, já representam mais do que metade do caminho que é projetado por analistas. A mediana de 135 casas é por uma taxa de 9% ao fim deste ano, portanto, restariam 2,25 pontos de redução até lá.
Há alguns fatores que justificariam não estar “amarrado” a uma dose que flexibilização. Tudo leva a crer que, neste momento do ciclo, a “desinflação” está mais lenta. A alta dos preços de bens e serviços do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ainda preocupa; a média móvel dos cinco núcleos ajustados sazonalmente subiu nos primeiros deste ano e a medida de serviços subjacentes tem movimento ascendente nas quatro últimas leituras do índice.
Quanto ao Fed, o combo de economia forte (embora com sinais mais claros de perda de ritmo, inclusive em aberturas do relatório do mercado de trabalho e outros indicadores de atividade) e surpresas negativas na inflação alerta para o risco de o Banco Central americano agir demasiado cedo ao flexibilizar os juros. Mas o contraponto é o risco de agir tarde e derrubar a economia mais do que o desejado à frente.
A atualização das projeções na reunião desta semana é boa dica. O mercado precifica o primeiro corte de juros em junho, o que coaduna com o que Jerome Powell, presidente do Fed, disse recentemente, a saber, que as autoridades “não estão longe” de ter a confiança necessária para “reduzir” a restritividade da política monetária.
Em janeiro, o Fed sinalizou, no famoso “gráfico de pontos”, que três cortes 0,25 pp seriam o caminho mais provável para 2024 (e mais 1 pp ano que vem), mas precisaria de mais provas que justificassem o movimento.