Domingo, 26 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 18 de março de 2024
Em uma semana decisiva para o mercado financeiro, com a decisão do Banco Central do Brasil (BCB) e do Federal Reserve sobre a taxa de juros no Brasil e nos Estados Unidos nesta quarta-feira (20), fenômeno conhecido como “Super Quarta”, o dólar encerrou o pregão em mais de R$ 5 pela primeira vez desde outubro de 2023. O dólar comercial fechou esta segunda a R$ 5,02, em alta de 0,57%. Já o Ibovespa finalizou em leve alta de 0,17%, a 126.954 pontos.
Mas, afinal, por que a cotação da moeda americana voltou a este patamar? O que explica esta alta? E quais são as projeções para o câmbio até o final do ano?
Analistas citam a política monetária mundo afora como fundamental para a trajetória do dólar, mas não só isso:
“Não é uma alta exclusiva daqui. A moeda está forte nos emergentes, com a expectativa da decisão de política monetária em vários países, especialmente nos Estados Unidos e no Japão. Outro ponto importante é que tecnologia e inteligência artificial são o hype do momento, mas o Brasil não surfa nessa onda, então aqui não é uma prioridade para o investidor nesse momento”, explica Luan Aral, trader e especialista da Genial Investimentos em dólar, referindo-se à menor entrada de capital estrangeiro no país e até mesmo a saída, o que afeta o câmbio.
As bolsas e ações de empresas ligadas a tecnologia acumulam uma série de altas nos Estados Unidos, com investidores animados com o avanço da inteligência artificial. Para se ter uma ideia, as ações da fabricante de chips e semicondutores Nvidia decolaram 78,2% neste ano, e o índice Nasdaq 100 subiu 44,08% nos últimos 12 meses, de acordo com dados da Bloomberg. Este é um dos fatores de saída de capital de economias emergentes, como a do Brasil, em direção aos EUA.
Aral ressalta que a saída de investidores estrangeiros do Brasil tem impulsionado a cotação do dólar. Nos dois primeiros meses do ano, R$ 16,6 bilhões deixaram o país, de acordo com levantamento do sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, Einar Rivero, com base em dados da B3.
A Genial Investimentos, no entanto, estima que o dólar deve permanecer entre R$ 4,70 e R$ 4,80 nos próximos meses, com a possibilidade de diminuição da taxa de juros americana a partir do segundo semestre do ano. Para Aral, isso deve tornar o mercado brasileiro mais atrativo para os investidores.
Já o C6 Bank projeta que o dólar deve continuar subindo e chegar a R$ 5,30 no final do ano. Claudia Moreno, economista do banco, destaca que o aumento dos gastos públicos e da dívida brasileira também estão no radar do mercado:
“Já temos uma dívida líquida percentual do PIB bastante elevada e apesar do arcabouço fiscal em vigor, acreditamos que os gastos públicos vão continuar subindo, o que deixa de atrair investimentos de fora”, ela afirma.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, explica que, a sensação de incerteza em torno da capacidade do governo de controlar a dívida pública faz com que investidores estrangeiros retirem suas aplicações daqui, o que demanda dólar e pressiona a taxa de câmbio:
“Quando pensamos em risco fiscal, claro, é muito improvável do Brasil dar calote, mas a dívida pública está crescendo e deve continuar nos próximos anos”, diz Sung.
O economista vê que o dólar deve permanecer em alta, em torno de R$ 4,95 e R$ 5 nas próximas semanas, principalmente por conta da incerteza que ainda existe em relação à taxa de juros americana. Ele avalia, no entanto, que o câmbio tende a aliviar nos próximos meses e encerrar o ano em R$ 4,88.