Quinta-feira, 03 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de fevereiro de 2022
De acordo com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, a Rússia continua a reforçar sua presença militar na fronteira com a Ucrânia. “Não constatamos nenhuma diminuição da tensão. A Rússia ainda pode invadir a Ucrânia com 100 mil soldados”, declarou nessa quarta-feira (16) em uma reunião com os representantes da organização em Bruxelas.
“Ouvimos as declarações de Moscou sobre os desejo de manter os esforços diplomáticos e estamos abertos às discussões. Mas a Rússia deve agir, retirar suas forças e apaziguar as tensões”, declarou. “Acompanhamos de perto o que faz a Rússia. Constatamos a chegada de tropas e de equipamentos pesados, e da retirada das tropas, mas o armamento continua no local”, disse. “Queremos uma retirada duradoura, não apenas um movimento incessante de tropas. Estamos prontos para nos reunir com a Rússia, mas nos preparamos para o pior”, concluiu o representante da Otan.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, pediu prudência após o anúncio feito pelo governo russo de retirada parcial das tropas russas da Crimeia. Em entrevista à rádio francesa France Inter, Borrell, declarou que, se confirmada, a informação seria “sem dúvida” um sinal de diminuição das tensões. Moscou já havia anunciado, na terça-feira (15), o início da saída de soldados russos que estavam posicionados há vários meses nas fronteiras ucranianas.
“Há sinais encorajadores, mas também preocupantes”, disse Borrell, em referência ao “pedido” da Rússia sobre o reconhecimento dos territórios separatistas no leste da Ucrânia. Segundo Moscou, nenhuma decisão oficial ainda foi tomada. “Um dia a Rússia diz que tudo é possível, em outro diz que voltará à mesa das negociações e, em outro, envia uma esquadra para o mar Negro”, diz.
Vídeo
Na manhã dessa quarta, o Ministério russo da Defesa publicou um vídeo mostrando um comboio de tanques e veículos militares atravessando uma ponte entre a Rússia e a Crimeia, anexada por Moscou em 2014. Uma parte dessas tropas deve retornar ao quartel.
As autoridades bielorrussas garantiram que todos os soldados russos destacados em seu território para realizar manobras militares deixarão o país assim que esses exercícios terminarem, em 20 de fevereiro. “Não restará um único soldado, uma única equipe no território bielorrusso após as manobras militares”, garantiu o ministro das Relações Exteriores, Vladimir Makei, em entrevista coletiva. O chanceler bielorrusso justificou as manobras pela atuação da Otan na região, em um contexto tenso pelas acusações dos países ocidentais de que a Rússia prepara uma invasão à Ucrânia.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, manteve a pressão sobre Moscou na última terça diante do risco de um ataque russo à Ucrânia, que considera “uma grande possibilidade”. Ele continua, porém, apostando na diplomacia para resolver a crise. Moscou julgou “positivo” que os Estados Unidos queiram negociações “sérias”, calcadas no diálogo.
O início da retirada das forças russas concentradas por vários meses nas fronteiras ucranianas, anunciado mais cedo por Moscou, “seria positivo”, disse Biden em um breve discurso da Casa Branca, na terça. Mas os Estados Unidos “ainda não verificaram até agora” sua implementação, completou.
Essas tropas, que o presidente americano estimou em “mais de 150 mil”, um número acima dos 100 mil mencionados até agora por sua administração, permanecem em “uma posição ameaçadora” ao redor da Ucrânia, no lado russo ou em Belarus, lamentou Biden. “Os Estados Unidos estão preparados para o que acontecer. Estamos prontos com a diplomacia”, garantiu. “E estamos prontos para responder ao ataque russo à Ucrânia, que ainda é uma grande possibilidade”, alertou.
Emprego de tropas
Os comandantes da Otan foram encarregados de detalhar como seria o emprego de tropas da aliança para responder às movimentações da Rússia nas regiões de fronteira com a Ucrânia.
Jens Stoltenberg revelou nessa quarta que deu a ordem.
“Os ministros decidiram desenvolver opções para fortalecer as defesas da Otan, incluindo estudar como seriam empregados os grupos de combate da aliança nas regiões central, leste e sudeste da Europa”, disse Stoltenberg.
“Nossos comandantes não estudar os detalhes e nos responder com um relato em semanas”, ele disse.
Retirada parcial
O presidente russo, Vladimir Putin, confirmou a “retirada parcial das tropas”, assegurando que “é claro” que a Rússia não quer a guerra e está disposta a buscar soluções com os países ocidentais. “Estamos prontos para continuar trabalhando juntos. Estamos prontos para embarcar no caminho das negociações”, disse Putin em entrevista coletiva conjunta com o chanceler alemão, Olaf Scholz, após uma reunião em Moscou.
Scholz comemorou o anúncio da retirada parcial como “um bom sinal” e considerou que “há bases suficientes de discussão” com a Rússia “para que as coisas evoluam positivamente”. O presidente francês, Emmanuel Macron, também qualificou a atitude russa de um “primeiro sinal positivo” durante uma conversa telefônica com Biden, enquanto concordava com o líder americano sobre a necessidade de “verificar” esse início de retirada.
Já o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu ao chanceler russo, Serguei Lavrov, uma “redução verificável, credível e significativa” durante uma conversa telefônica nesta terça-feira. Moscou, por outro lado, continua realizando grandes manobras militares em Belarus, vizinha pró-Rússia da Ucrânia, até 20 de fevereiro.