Sexta-feira, 07 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 7 de novembro de 2025
Um grupo de senadores apresentou nessa sexta-feira (7) uma proposta para criar a estrutura de uma liderança cristã dentro do Senado. O texto permite que a bancada religiosa, formada por parlamentares católicos e evangélicos, tenha direito a participar e opinar durante as reuniões de líderes que definem a agenda de votações da Casa.
A iniciativa tenta repetir uma articulação feita na Câmara dos Deputados por parlamentares cristãos. No último dia 22, deputados conseguiram aprovar um requerimento para levar à análise direta do plenário um projeto semelhante, que cria a liderança cristã na Câmara.
A proposta dos senadores também estabelece que o líder cristão poderá apresentar destaques (sugestões de mudança) durante a análise de projetos.
Se for aprovada pelos senadores, a proposta também abre caminho para que a bancada cristã tenha um gabinete próprio, com infraestrutura e funcionários exclusivos.
Atualmente, estas prerrogativas são exercidas por parlamentares que lideram: partidos, blocos parlamentares (reunião de duas ou mais legendas), governo, minoria, maioria, oposição e Bancada Feminina.
Criação das lideranças
A criação da bancada cristã depende da aprovação do plenário do Senado Federal. Depois disso, para começar a valer, o texto tem de ser promulgado e publicado no “Diário Oficial do Senado”.
Na Câmara, apesar da aprovação da urgência para a proposta, o conteúdo do projeto acabou não sendo apreciado pelo conjunto dos deputados.
Houve divergência entre alas progressistas e conservadoras da Câmara, o que levou o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a dizer que o texto somente seria colocado em votação depois de um amplo debate.
No Senado, a proposta de criação da bancada cristã foi endossada, até o momento, por 13 senadores. Entre os nomes, estão o presidente da Frente Parlamentar Católica do Senado, Marcos Pontes (PL-SP), e a vice-presidente da Frente Parlamentar Evangélica da Casa, senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
O autor do projeto no Senado, Marcos Pontes (PL-SP), defendeu que a medida representará o “reconhecimento de uma realidade política e social amplamente consolidada”.
“Assegurando que convicções morais partilhadas por grande parcela da população encontrem expressão legítima, organizada e transparente no processo legislativo”, afirmou.
Na Câmara, ao defender a criação da liderança cristã em outubro, o presidente da Frente Parlamentar Católica da Câmara, deputado Luiz Gastão (PSD-CE), disse ao g1 que a iniciativa abriria caminho para que o grupo defendesse de forma coordenada, por exemplo, pautas de costume.
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional, que reúne Câmara e Senado, deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP), declarou que a criação da liderança cristã não se resumiria apenas à discussão destes temas.
“Claro que nós, como bancada cristã, não vamos limitar só a essas pautas (de costume). Estão na nossa essência, mas queremos também outros temas. Não dá para imaginarmos que um grupo parlamentar só vai cuidar desses temas. Temos que falar sobre economia, educação, saúde e assim por diante”, afirmou.
Nascimento espera que tanto a iniciativa da Câmara quanto a do Senado avancem nos próximos dias. O parlamentar disse acreditar que a votação final do texto dos deputados ocorrerá após a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Senado, Carlos Viana (Podemos-MG), avaliou que “toda iniciativa que fortaleça a representação cristã no Senado é positiva”. Até o momento, ele não assinou o projeto apresentado nessa sexta.
“O que nos diferencia não é o nome de uma bancada, mas o propósito que nos move. Esses valores não cabem apenas em uma bancada. Eles cabem em toda a nossa trajetória”, afirmou Viana.