Terça-feira, 07 de maio de 2024

Sobrinho de sócio da Kiss diz que, antes do incêndio, nunca havia presenciado a utilização de pirotecnia na boate

Willian Renato Machado, 27 anos, sobrinho do réu Elissandro Callegaro Spohr, sócio da Boate Kiss, em Santa Maria, prestou depoimento nesta segunda-feira (06). Ele trabalhava à tarde no estabelecimento auxiliando na divulgação das festas e recebendo as listas de aniversários que seriam comemorados lá.

O jovem estava na festa “Agromerados” quando houve o incêndio e foi arrolado pela defesa do tio para ser uma das vítimas ouvidas em plenário. Willian relatou que chegou por volta da 0h30min na Kiss, quando ainda tocava a primeira banda, Pimenta e seus Comparsas. Ficou na área VIP, em uma mesa.

Segundo ele, na apresentação da banda Gurizada Fandangueira, os fogos de artifício foram utilizados na segunda música. Os artefatos estavam no chão do palco. “Vi o Marcelo [de Jesus dos Santos] se agachando, colocando uma luva. Pegou o artefato, levantou a mão para o alto, começou a pular e já deu para ver uma fagulha no teto”, revelou. Willian foi para a saída. “Vi o Ricardo [gerente] e o Kiko gritando ‘sai, sai, que é fogo’”, prosseguiu.

Ele disse que nunca havia presenciado a utilização desse tipo de material na boate. Não sabe se houve uma autorização prévia da administração para que a banda usasse pirotecnia naquela noite. Já tinha assistido a outros shows da Gurizada Fandangueira, mas não com o uso de fogos. O jovem também disse que não acredita que tenha havido uma ordem de Kiko para fechar as portas da boate para evitar que as pessoas saíssem sem pagar.

“Quando saí da boate, minha maior preocupação era achar a Nathália [esposa de Kiko que estava grávida]. Quando a localizei, me preocupei em achar o Kiko”, afirmou o depoente. Willian encontrou o tio já na rua, carregando uma pessoa no colo. “Ele queria voltar para dentro da boate. Ele estava em desespero”, contou.

Willian ainda afirmou que, quando os bombeiros chegaram, começaram a jogar água para dentro do prédio. Ele considera que havia poucos profissionais e que, se não fosse pela atuação dos civis, haveria mais mortos.

Willian confirmou que, posteriormente, solicitou a Stenio (ex-promoter da Boate Kiss que vendia ingressos para turmas universitárias) os bilhetes que não haviam sido vendidos naquela noite para que fossem incluídos nos autos do processo como prova de que não havia superlotação na boate. “A gente tinha a informação de que, com 800 pessoas, não entrava mais ninguém, e era assim que trabalhávamos.”

O sobrevivente confirmou que Mauro Londero Hoffmann era sócio da boate, mas desconhece as atribuições dele. Informou ainda que a Kiss estava em nome da mãe e da irmã de Kiko e que o tio administrava o local.

Questionado pelo Ministério Público sobre o motivo de haver um extintor debaixo da bancada do DJ, Willian respondeu que o equipamento havia sido adquirido com o fim específico para fazer efeito de CO² (gelo seco).

Willian contou que, após a tragédia, a família se manteve distante por medo da reação das pessoas, mas que a situação “dói muito”. “Sempre pensamos em ter contato, mas ficamos receosos. Tudo o que a gente queria era poder ser amigo deles de novo. Tínhamos um contato muito bom com todo mundo”, declarou.

O relato do sobrinho de Kiko, que terminou às 15h30min desta segunda, ocorreu antes do depoimento de Nathália Daronch, esposa do empresário.

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