Quinta-feira, 28 de março de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 4 de dezembro de 2021
O governo do Afeganistão, controlado pelo Talibã, publicou um decreto sobre os direitos das mulheres em que disse que elas não deveriam ser consideradas “propriedades” e precisam consentir para se casar, mas não mencionou o acesso feminino à educação ou ao trabalho fora de casa.
O Talibã está sob pressão da comunidade internacional, que mantém a maioria dos fundos para o Afeganistão congelados, para se comprometer a respeitar os direitos das mulheres desde que assumiu o comando do país no dia 15 de agosto.
“Uma mulher não é uma propriedade, mas um ser humano nobre e livre; ninguém pode dá-la a ninguém em troca de paz… ou para por fim à animosidade”, disse o decreto do grupo islâmico radical divulgado pelo porta-voz Zabihillah Muhajid.
Ele delineou as regras que determinam o casamento e a propriedade para as mulheres, dizendo que elas não deveriam ser obrigadas a se casar e que viúvas deveriam ter sua parcela da herança do falecido marido.
Tribunais devem levar em conta as regras ao tomar decisões, e os ministérios dos Assuntos Religiosos e da Informação devem proteger estes direitos, disse o decreto.
Mas o texto não fez menção à possibilidade de as mulheres trabalharem ou ter acesso a instalações fora de casa ou à educação, que são grandes preocupações da comunidade internacional.
Economia afegã
Desde o retorno dos talibãs ao poder, a economia afegã, que depende em grande parte dos subsídios internacionais, se afundou.
O governo dos Estados Unidos congelou os ativos do banco central afegão e tanto o Banco Mundial quanto o Fundo Monetário Internacional suspenderam as ajudas.
A ONU alertou que 23 milhões de afegãos, de uma população de quase 40 milhões, estarão à beira da fome no inverno.
Resgate
Em novembro deste ano a emissora CNN noticiou a história de Parwana Malik, de 9 anos, que foi vendida para se casar com um homem, 55, no Afeganistão. Isso aconteceu porque a família não tinha renda para se sustentar, então o pai, Abdul Malik, viu o matrimônio forçado como uma solução. As informações são do iG.
Após a repercussão internacional, a ONG Too Young to Wed (Muito jovem para se casar) dos Estados Unidos se mobilizou para resgatar a menina.
“Estou muito feliz. Me livraram do meu marido. Meu marido era um homem velho. Eles me trataram mal. Me xingaram, me acordaram cedo e me obrigaram a trabalhar”, disse Parwana em entrevista à CNN.
A criança e seus familiares ficaram hospedados em um hotel e depois foram transferidos para uma casa em um local seguro, onde devem permanecer até o fim do inverno.