Quinta-feira, 28 de março de 2024

Talibã diz que mulheres “não são propriedade” e precisam consentir com casamento

O governo do Afeganistão, controlado pelo Talibã, publicou um decreto sobre os direitos das mulheres em que disse que elas não deveriam ser consideradas “propriedades” e precisam consentir para se casar, mas não mencionou o acesso feminino à educação ou ao trabalho fora de casa.

O Talibã está sob pressão da comunidade internacional, que mantém a maioria dos fundos para o Afeganistão congelados, para se comprometer a respeitar os direitos das mulheres desde que assumiu o comando do país no dia 15 de agosto.

“Uma mulher não é uma propriedade, mas um ser humano nobre e livre; ninguém pode dá-la a ninguém em troca de paz… ou para por fim à animosidade”, disse o decreto do grupo islâmico radical divulgado pelo porta-voz Zabihillah Muhajid.

Ele delineou as regras que determinam o casamento e a propriedade para as mulheres, dizendo que elas não deveriam ser obrigadas a se casar e que viúvas deveriam ter sua parcela da herança do falecido marido.

Tribunais devem levar em conta as regras ao tomar decisões, e os ministérios dos Assuntos Religiosos e da Informação devem proteger estes direitos, disse o decreto.

Mas o texto não fez menção à possibilidade de as mulheres trabalharem ou ter acesso a instalações fora de casa ou à educação, que são grandes preocupações da comunidade internacional.

Economia afegã

Desde o retorno dos talibãs ao poder, a economia afegã, que depende em grande parte dos subsídios internacionais, se afundou.

O governo dos Estados Unidos congelou os ativos do banco central afegão e tanto o Banco Mundial quanto o Fundo Monetário Internacional suspenderam as ajudas.

A ONU alertou que 23 milhões de afegãos, de uma população de quase 40 milhões, estarão à beira da fome no inverno.

Resgate

Em novembro deste ano a emissora CNN noticiou a história de Parwana Malik, de 9 anos, que foi vendida para se casar com um homem, 55, no Afeganistão. Isso aconteceu porque a família não tinha renda para se sustentar, então o pai, Abdul Malik, viu o matrimônio forçado como uma solução. As informações são do iG.

Após a repercussão internacional, a ONG Too Young to Wed (Muito jovem para se casar) dos Estados Unidos se mobilizou para resgatar a menina.

“Estou muito feliz. Me livraram do meu marido. Meu marido era um homem velho. Eles me trataram mal. Me xingaram, me acordaram cedo e me obrigaram a trabalhar”, disse Parwana em entrevista à CNN.

A criança e seus familiares ficaram hospedados em um hotel e depois foram transferidos para uma casa em um local seguro, onde devem permanecer até o fim do inverno.

A mãe da menina, Reza Gul, contou que foi contra o casamento. “Claro, eu fiquei com raiva. Lutei com meu marido e chorei. Ele disse que não tinha opção. Minha filha conta que bateram nela. Ela não queria ficar lá. Agora me sinto feliz e segura aqui. Meus filhos estão comendo bem desde que chegamos, eles estão brincando e estamos nos sentindo felizes.”

Abdul Malik ainda deve US$ 2.200 (cerca de R$ 12.422) para o comprador. A organização informou que irá ajudá-lo a quitar o débito.

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