Sábado, 02 de agosto de 2025

Tarifaço: São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná liberam crédito para empresas; Ceará estuda comprar alimentos de exportadores

Pressionados por empresas que não escaparam do tarifaço dos Estados Unidos ao Brasil, os governos estaduais das regiões mais impactadas decidiram manter as medidas de socorro para quem foi afetado pelas tarifas de 50% decretadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump. As ações incluem financiamento subsidiado e liberação de créditos do ICMS.

Trump taxou os produtos brasileiros comprados pelos americanos em 50%, mas com uma longa lista de exceções, que incluem suco de laranja, aviões da Embraer e petróleo. Por outro lado, café, açúcar, carne, calçados, cerâmica e outros produtos foram taxados. O governo do presidente Lula (PT) também prepara medidas para socorrer empresas, que devem ser anunciadas nos próximos dias.

No Rio Grande do Sul, os maiores exportadores, entre eles a fabricante de armas Taurus e a indústria calçados, não escaparam e foram sobretaxados por Trump. “Assim, até aqui, as medidas que anunciamos permanecem, com oferta de crédito subsidiado a empresas que forem impactadas, além de estarmos estudando outras medidas”, disse o governador Eduardo Leite (PSD).

O governador gaúcho disponibilizou um programa de crédito de R$ 100 milhões por meio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) para socorrer exportadores de diferentes setores diante do anúncio dos EUA de sobretaxar em 50% os produtos brasileiros. O financiamento já está disponível.

Eduardo Leite afirmou que a administração estadual também estuda liberar créditos do ICMS às empresas afetadas. Segundo ele, a medida representaria um alívio para as companhias exportadoras que hoje não conseguem aproveitar esses créditos. “É a possibilidade de vender créditos acumulados de ICMS na cadeia produtiva e que a empresa não consegue abater porque exporta, sem incidência de ICMS.”

São Paulo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decidiu aumentar a verba destinada a ajudar empresas e liberou R$ 400 milhões em crédito subsidiado para os exportadores. Antes, ele havia anunciado a liberação de R$ 200 milhões.

Há preocupação com setores atingidos, como o café e a carne. Até o momento, 150 companhias manifestaram interesse na linha de crédito. Os pedidos estão em análise. As empresas precisam comprovar que são exportadoras ativas e que mantêm relações comerciais com os EUA.

O governo de São Paulo anunciou ainda a liberação de R$ 1,5 bilhão em créditos acumulados de ICMS, por meio do programa ProAtivo. O benefício poderá ser solicitado por empresas que exportam e que possuam créditos acumulados aptos à transferência, segundo o governo paulista. Isso acontece quando empresas pagam mais imposto do que deveriam e ficam com créditos a receber. Ao “vender” esses créditos para outras empresas, elas ganham liquidez.

Cada empresa poderá solicitar até R$ 120 milhões em créditos. As regras ainda serão publicadas, e o governo promete liberar o valor a partir de setembro deste ano. As companhias que exportam para os EUA terão um limite para liberação quatro vezes superior às outras.

Ceará

No Ceará, houve um alívio com o aço fora da tarifa adicional — o setor já é impactado com uma tarifa de 50% desde junho —, mas a indústria dos pescados entrou na lista de Trump e será taxada. O Estado é um dos que mais dependem dos EUA na pauta de exportação. No primeiro semestre do ano, mais da metade do que as empresas cearenses exportaram tiveram como destino os Estados Unidos.

O governo cearense avalia comprar os produtos e incluir os alimentos nas refeições distribuídas à população carente, na merenda escolar e nos hospitais. “Temos o Ceará sem Fome, são 130 mil almoços por dia; então, podemos fazer com que em alguns dias desse almoço tenha peixe. Podemos pegar a castanha de caju e colocar na merenda escolar, seja nas nossas universidades, seja para as nossas escolas e também nos nossos hospitais”, disse o governador.

Paraná

O governo do Paraná anunciou um pacote de medidas de apoio aos setores impactados pelo tarifaço e também decidiu manter as ações aos setores que não escaparam da sobretaxa adicional. O segmento mais afetado no Estado é a madeira, e alguns produtos foram efetivamente enquadrados na alíquota de 50%.

Entre as medidas estão oferta de crédito e renegociação de empréstimos em andamento com subsídios do Estado. O governo paranaense também decidiu liberar a utilização créditos do ICMS para que empresas monetizam esse valor e façam fluxo de caixa. Com informações de O Estado de S. Paulo

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