Domingo, 19 de maio de 2024

Temperaturas caem e RS terá onda de frio a partir desta quarta

Uma onda de frio, prevista para chegar ao Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (8), pode piorar o cenário no Estado, duramente castigado pelas chuvas torrenciais que caem desde o fim de abril e afetaram 385 municípios, deixando 85 mortos e 134 desaparecidos até o início da noite dessa segunda (6).

O Comando Militar do Sul informou que deve haver queda de temperatura de até 10°C em algumas regiões, o que pode provocar um aumento nos casos de hipotermia (quando a temperatura corporal está menor que 35°C) de pessoas isoladas pelas chuvas que aguardam resgate, além de dificultar as condições de salvamento.

Em entrevista coletiva em Porto Alegre, os militares informaram que havia previsão de uma janela de bom tempo até esta terça-feira (7). De acordo com o CMS, o resgate e a distribuição de alimentos e outros donativos são as prioridades neste momento. Dos 1.178.226 moradores afetados, número que representa 10% da população gaúcha. Outras 153.824 pessoas estão desalojadas; e 47.676, em abrigos.

Poderes unidos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na coletiva realizada no domingo (5), assim como os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e ministros. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), falou em “cenário de guerra”.

Lula afirmou que “não haverá impedimento da burocracia” para a recuperação do estado e prometeu a Leite que o governo federal irá recuperar as estradas estaduais.

O presidente viajou com a primeira-dama, Janja, e 13 ministros, incluindo Rui Costa (Casa Civil), José Mucio (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Nísia Trindade (Saúde) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima). Os ministros da Integração Nacional, Waldez Góes, e da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, já estavam no Rio Grande do Sul desde sábado (4) para instalar um escritório em Porto Alegre.

Lula disse que cobrou de Marina Silva um plano de prevenção de desastres para que o governo “pare de correr atrás da desgraça”.

“É impossível discutir a questão do clima sem trazer a Marina, que está compromissada a me apresentar um plano de prevenção de acidentes climáticos. É preciso que a gente veja com antecedência o que pode acontecer de desgraça.”

No mesmo evento, Pacheco e Lira afirmaram que o Congresso irá tomar medidas para ajudar na recuperação do Rio Grande do Sul.

“Soluções que se apresentam diante de uma situação excepcional e atípica também são soluções excepcionais e atípicas. Nós estamos em uma guerra, e em uma guerra não há limitações, não há restrições legais de tempos comuns”, disse Pacheco.

Lira prometeu uma resposta efetiva:

“Esta semana será de muita negociação, de muito trabalho no Congresso Nacional, e a resposta será dura, firme e efetiva, como foi na pandemia.”

Na mesma linha, o ministro do STF Edson Fachin, que representou o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, defendeu um “regime jurídico especial e emergencial” para responder à catástrofe.

Cenário caótico

Em todo o Estado, o cenário é de caos. Há mais de 400 mil residências sem eletricidade, mais de 110 trechos em rodovias com bloqueios totais e parciais e pelo menos dez cidades sem fornecimento de combustível, enquanto em outras a distribuição é parcial.

Porto Alegre, onde o Rio Guaíba atingiu nível sem precedentes desde a histórica enchente de 1941, está sob alerta de “inundação severa”. No Mercado Público, a água chegou a cerca de um metro de altura, cobrindo mesas e balcões de lojas.

No domingo, o dique da Fiergs continuava extravasando, resultando na evacuação dos moradores do bairro Sarandi, na zona norte da cidade e, nessa segunda (5), duas casas de bombeamento foram desligadas, como medida de segurança, causando a inundação dos bairros Cidade Baixa e Menino Deus. Os residentes dessas regiões também precisaram deixar suas casas.

A Arena do Grêmio foi invadida e teve sua loja saqueada. Jogos dos quais o time e outras agremiações gaúchas participariam, por campeonatos importantes como o Brasileiro e a Libertadores, foram adiados porque a estrutura de treinamento dos atletas foi afetada.

A Defesa Civil orientou a evacuação imediata de moradores das áreas de risco do município e de cidades vizinhas como Guaíba, Barra do Ribeiro, Gravataí, Canoas, Charqueadas, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Taquara. Em Canoas, voluntários deram as mãos e formaram um cordão humano para puxar barcos, na noite de sábado, na tentativa de resgatar pessoas ilhadas no bairro Mathias Velho.

Solidariedade

Governadores de todo o País, como Romeu Zema (Minas Gerais), Tarcísio de Freitas (São Paulo), Cláudio Castro (Rio de Janeiro) e Jorginho Mello (Santa Catarina), intensificaram a ajuda ao estado durante o fim de semana, enviando mais aeronaves, equipes ou recursos.

Instituições e personalidades também buscam contribuir. Nessa madrugada, 11 surfistas de ondas grandes, incluindo Lucas Chumbo, Pedro Scooby e Michelle des Bouillons, chegaram ao Rio Grande do Sul levando roupas para doação e equipamentos utilizados no salvamento de atletas durante as competições, incluindo quatro jet-skis, dispostos a participar do resgate das vítimas.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais informou que vai transferir R$ 10 milhões do saldo remanescente da extinta Conta Regional de Destinação de Prestações Pecuniárias do Judiciário mineiro para a Defesa Civil do Rio Grande do Sul. O humorista Whindersson Nunes diz já ter arrecadado R$ 3 milhões para o estado, e a USP recebe água potável e material de limpeza.

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