Quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Turquia realiza segundo turno das eleições presidenciais neste domingo

O líder de longa data da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, está enfrentando o candidato da oposição Kemal Kilicdaroglu no segundo turno da eleição presidencial deste domingo (28).

A preparação para o primeiro turno sugeria uma corrida estreita, com Erdogan enfrentando uma pressão sem precedentes após 20 anos no poder. Em vez disso, Erdogan desafiou as expectativas e perdeu por pouco a vitória definitiva.

A votação ocorreu quase quatro meses depois que um terremoto, ocorrido em 6 de fevereiro, matou mais de 50.000 pessoas e deslocou mais de 5,9 milhões no Sul da Turquia e no Norte da Síria. Também ocorreu em meio a uma grave crise econômica e o que os analistas dizem ser uma erosão democrática sob o governo de Erdogan.

Como funcionam as eleições na Turquia?

A Turquia realiza eleições a cada cinco anos. Os candidatos presidenciais podem ser indicados por partidos que ultrapassaram o limite de 5% dos eleitores na última eleição parlamentar ou por aqueles que reuniram pelo menos 100.000 assinaturas em apoio à sua indicação.

O candidato que obtiver mais de 50% dos votos no primeiro turno é eleito presidente, mas se nenhum candidato obtiver a maioria dos votos, a eleição vai para um segundo turno entre os dois candidatos mais votados no primeiro turno.

A participação eleitoral no primeiro turno, em 14 de maio, foi de quase 90% de acordo com o Conselho Supremo Eleitoral (YSK), mas nenhum candidato recebeu a maioria absoluta, levando a eleição a um segundo turno.

Erdogan recebeu 49,52% dos votos no primeiro turno, o que lhe deu uma vantagem de cinco pontos sobre Kilicdaroglu. Seu bloco obteve uma maioria confortável na legislatura em uma votação parlamentar paralela.

O segundo turno será neste domingo. As urnas abrem às 8h, horário local (2h em Brasília), e fecham às 17h. (11h em Brasília). Os resultados são esperados após as 21h hora local (15h em Brasília).

Quem são os presidenciáveis?

Os dois candidatos com maior número de votos, Erdogan e Kilicdaroglu, estão concorrendo à Presidência. O líder turco mais antigo no cargo desde que a república turca moderna foi estabelecida, Erdogan está no poder há duas décadas, inicialmente como primeiro-ministro do país e depois como presidente.

O homem de 69 anos, que começou seu governo com amplas liberdades religiosas e um boom econômico, ao longo dos anos consolidou o poder e viu a economia de US$ 800 bilhões da Turquia cair em uma queda desastrosa em meio a políticas fiscais pouco ortodoxas.

O candidato de direita da Ancestral Alliance, Sinan Ogan, que emergiu com 5,17% dos votos no primeiro turno, disse na segunda-feira (22) que estava apoiando Erdogan no segundo turno e instou seus eleitores a apoiá-lo.

Ogan condicionou seu endosso a qualquer um dos candidatos a políticas rígidas em relação aos refugiados e a alguns grupos curdos que ele considera terroristas.

Um legislador que representa o CHP desde 2002 – o mesmo ano em que o Partido AK de Erdogan subiu ao poder – Kilicdaroglu, 74, subiu na escada política para se tornar o sétimo presidente de seu partido em 2010.

Nascido na província de Tunceli, de maioria curda, no Leste, o líder do partido concorreu às eleições gerais da Turquia em 2011, mas perdeu, ficando em segundo lugar atrás de Erdogan e seu partido AK.

Kilicdaroglu representa o partido formado há 100 anos por Mustafa Kemal Ataturk, o pai fundador da Turquia moderna e um secularista obstinado. Ele contrasta fortemente com o partido de raízes islâmicas de Erdogan e sua base conservadora.

Apesar de suas inclinações seculares, no entanto, o candidato da oposição e sua aliança prometeram representar todas as partes da sociedade turca, o que, segundo analistas, foi demonstrado em sua coalizão diversificada.

Desde a votação, seus discursos tiveram o que os analistas chamaram de “mudança de marcha”, com Kilicdaroglu prometendo enviar de volta milhões de anfitriões de migrantes turcos.

Quais são as implicações internacionais?

Uma das maiores economias do mundo e com uma população de 85 milhões, a Turquia está no centro de uma ordem mundial cada vez mais polarizada.

Membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que possui o segundo maior exército da aliança, a Turquia fortaleceu seus laços com a Rússia nos últimos anos. A crescente amizade de Erdogan com o presidente russo, Vladimir Putin, chamou atenção no Ocidente, especialmente em meio ao ataque contínuo de Moscou na Ucrânia.

Desafiando os Estados Unidos, a Turquia chegou a comprar armas da Rússia em 2019 e, no ano passado, causou dor de cabeça aos planos de expansão da Otan ao paralisar a adesão da Finlândia e da Suécia.

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