Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Único deputado estadual registrado como negro em Santa Catarina se reconhece como branco

 

O único entre os 40 deputados do estado de Santa Catarina registrado como negro é, na verdade, branco. Julio Garcia (PSD), de 72 anos, foi registrado de maneira errada como pardo pelo seu partido, de acordo com o seu gabinete. Julio está em seu sexto mandato, mas só descobriu a falha após as eleições de 2018, quando foi procurado por um jornal universitário para fazer uma entrevista, por ser o único não branco da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).

Seu partido à época (PL, então chamado PR), informou que se baseou na documentação do próprio deputado para fazer o cadastro como pardo. Lima verificou o seu certificado de dispensa do serviço militar e lá estava: “cútis: morena”.

“Não vou mudar [a declaração] porque não há nada de errado com ela. Eu sou mesmo [pardo]. Nasci no Ceará e a minha pele é morena. Mas, para ser sincero, não lembro de nenhuma ocasião em que tenham perguntado a minha raça”, diz o deputado, que afirma não ter intenção de pleitear verbas ou tempo de TV em razão da sua etnia.

Outro caso

O Rio Grande do Sul vive situação parecida, com somente um representante negro eleito na última disputa. Nesse caso, o deputado Airton Lima (Podemos) confirma o registro feito por seu partido. Só que ele descobriu isso apenas depois da eleição de 2018. Ele conta que, quando um jornal universitário o procurou porque se tratava do único não branco entre os 55 membros da Assembleia Legislativa, acreditou ser um engano.
Seu partido à época (PL, então chamado PR), contudo, informou que havia se baseado na documentação do próprio deputado para fazer o cadastro como pardo.

Baixa representatividade

De acordo com o recente estudo “Desigualdade Racial nas Eleições Brasileiras”, conduzido pelos economistas Sergio Firpo, Michael França, Alysson Portella e Rafael Tavares, do Núcleo de Estudos Raciais do Insper, existe uma forte relação entre financiamento eleitoral e voto.
O trabalho mostra que todas as Assembleias Legislativas do país têm menos deputados negros do que seria esperado levando-se em conta a divisão racial do respectivo estado.

As Assembleias que mais se aproximaram do ideal são a do Acre e a de Roraima. Segundo dados oficiais, para a primeira se elegeram 17 deputados negros, 2 a menos que o ponto de equilíbrio; para a segunda foram 13, quando a faixa de equilíbrio estaria em torno de 16 ou 17. Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão na outra ponta desse ranking, onde o desequilíbrio se revela muito acentuado. Considerando a proporção racial entre os eleitores em ambos os estados, os catarinenses atingiriam a faixa de equilíbrio com 8 deputados negros, e os gaúchos, com 11.

A disparidade se repete quando se avaliam os deputados federais eleitos em todas as unidades da Federação. Nesse caso, o Rio Grande do Sul também é destaque negativo, pois não elegeu nenhum parlamentar negro para a Câmara.

 

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