Sábado, 25 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 12 de março de 2024
O governo venezuelano emitiu nessa terça-feira uma ordem de restrição do espaço aéreo a aeronaves registradas na Argentina. A medida impede que aviões registrados na Argentina (principalmente aeronaves comerciais com registro LV) atravessem o espaço aéreo sob jurisdição venezuelana para completar seus voos programados.
Nas rotas da Aerolíneas Argentinas – o único operador com registro LV que normalmente atravessa o espaço aéreo venezuelano – afetadas pela medida, espera-se uma rota alternativa, o que resultará em aumento do tempo de voo e do consumo de combustível nos voos para os EUA.
Além do aumento lógico dos custos e do tempo de voo, a restrição é mais um episódio da escalada na crise diplomática entre os dois países, que começou quando um Boeing 747-300 da Emtrasur teve abastecimento negado em Buenos Aires, por ser uma aeronave operada por iranianos e sancionada pelo governo americano.
“A Venezuela exerce plena soberania em seu espaço aéreo e reitera que nenhuma aeronave que provenha ou se dirija à Argentina poderá sobrevoar nosso território, até que nossa empresa seja devidamente compensada pelos danos causados”, escreveu o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, na rede X (antigo Twitter).
Em julho de 2022 um raro 747-300 pousou na Argentina trazendo peças automotivas da Volkswagen do México. A bordo dele, porém, havia vários tripulantes iranianos, que eram da diretoria da Mahan Air, empresa aérea iraniana sancionada pelos EUA após transportar armas para as forças Quds, um grupo paramilitar que serve ao governo do Irã.
O próprio jumbo já estava na lista de sanções americanas por também ser uma aeronave que foi operada pela Mahan Air. Com isso, nenhum dos fornecedores de combustível da Argentina quis vender querosene para a Emtrasur. A negativa também veio dos abastecedores de países vizinhos como Paraguai, Uruguai e até do Brasil.
O receio na época era que, caso o combustível fosse vendido, o fornecedor fosse sancionado e ficasse impedido de abastecer qualquer aeronave americana, resultando em um prejuízo a médio prazo. Sem poder sair do local, a Argentina começou a investigar a procedência do avião e avisou aos Estados Unidos, que pediram para que a aeronave fosse interditada e posteriormente apreendida sob guarda da justiça americana.
Recentemente, os EUA assumiram a posse da aeronave e transladaram-na para a Flórida, onde o Jumbo foi desmontado. A Venezuela, desde 2022, tem acusado a Argentina de roubo e de subversão aos americanos, mas nunca de fato tomou alguma medida, até agora, quando decidiu fechar o espaço aéreo do país para aviões argentinos.
Troca de insultos
As relações entre Venezuela e Argentina caíram vertiginosamente após a chegada do presidente Javier Milei ao poder, com quem Nicolás Maduro troca insultos com frequência.
“A República Argentina empreendeu ações diplomáticas contra o governo da Venezuela, o governo liderado pelo ditador [Nicolás] Maduro, após sua decisão de impedir o uso do espaço aéreo naquele país por qualquer aeronave argentina”, declarou o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, sem especificar detalhes.
“A Argentina não se deixará ser extorquida pelos amigos do terrorismo”, acrescentou.
Em resposta, o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, publicou nas redes sociais que “o governo neonazista da Argentina, não é apenas submisso e obediente a seu amo imperial. O senhor Manuel Adorni pretende desconhecer as consequências de seus atos de pirataria e roubo contra a Venezuela, que foram advertidas em diversas ocasiões antes do ato delitivo cometido contra a Emtrasur.”