Quinta-feira, 11 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 11 de setembro de 2025
Com o apoio da Brigada Militar, a Polícia Civil deflagrou nesta quinta-feira (11), em diversas cidades gaúchas, a Operação Truck Hunters para prender um grupo criminoso especializado no furto de caminhões. Vinte bandidos foram presos durante a ação.
Os policiais cumpriram 28 mandados de prisão preventiva e 50 de busca e apreensão em São Leopoldo, Novo Hamburgo, Viamão, Gravataí, Canoas, Guaíba, Porto Alegre, Capão da Canoa, Tramandaí, Portão, Alvorada, Sapucaia do Sul, Mariana Pimentel e Santa Maria. Os agentes apreenderam armas, drogas e um caminhão.
Segundo a Polícia Civil, o grupo aterrorizou, por cerca de dois anos, caminhoneiros e empresários do ramo de transporte de cargas no Estado, realizando furtos de veículos e extorsão das vítimas, além de desmanche em escala industrial.
A investigação iniciou em 15 de setembro de 2023, quando uma denúncia anônima levou policiais militares a um galpão na Estrada João de Oliveira Remião, em Viamão. No local, três indivíduos foram flagrados realizando o desmanche de um caminhão. Também foram encontrados, na ocasião, um automóvel comumente usado em crimes, além de outros dois caminhões completamente adulterados, um reboque e diversas ferramentas.
Duas semanas depois, a investigação ganhou novo impulso quando outra operação policial descobriu um segundo ponto da organização criminosa. Na ERS-020, em Gravataí, policiais localizaram outro galpão onde criminosos mantinham um caminhão sendo preparado para desmanche. Durante a fuga precipitada, um dos criminosos deixou cair um celular, que foi analisado pelos policiais civis.
“O que as investigações subsequentes revelaram foi uma operação criminosa de impressionante sofisticação e alcance. A organização funcionava como uma verdadeira empresa do crime, com departamentos especializados, hierarquia rígida e procedimentos operacionais padronizados que permitiam furtar, extorquir e desmanchar caminhões com eficiência industrial”, informou a Polícia Civil.
Conforme as investigações, o comando do grupo era composto por quatro indivíduos. Um deles, de 45 anos, com 15 passagens pela polícia, atuava como o “cérebro criminoso”, coordenando desde a identificação dos alvos até a venda final das peças, além de fabricar pessoalmente as chamadas “chaves-micha”, usadas para dar a partida nos veículos de carga.
Outro indivíduo, com 19 antecedentes policiais, atuava como o braço operacional, tomando decisões sensíveis e supervisionando as ações de campo. O terceiro membro era especialista nas atividades de planejamento dos furtos e na extorsão sistemática das vítimas. Por fim, o quarto indivíduo assumia o papel de operador financeiro.
Além dos líderes, o grupo criminoso contava com 15 executores especializados nos furtos. A quadrilha chegou a ter uma rede de contatos com postos de combustíveis, que os informavam sobre caminhões carregados e seus horários de parada, além de atuarem no aluguel de galpões usados para o desmanche.
Os alvos
Conforme a investigação policial, os alvos dos criminosos eram caminhões carregados com cargas valiosas, como ração animal, materiais de construção, produtos eletrônicos, dentre outras mercadorias, que transitavam, especialmente, na BR-116, ERS-122 e demais vias importantes.
Após identificar o potencial alvo, o grupo analisava o veículo, fazia um levantamento fotográfico do entorno, planejava rotas de fuga e monitorava a presença policial, entre outras ações. Depois, com o uso das “chaves-micha”, os criminosos abriam os veículos sem precisar arrombar.
Após furtarem os caminhões, os criminosos passavam para a etapa da extorsão, pedindo entre R$ 5 mil e R$ 100 mil de resgate aos proprietários, dependendo do modelo do veículo e da carga. Desesperadas, muitas vezes, as vítimas pagavam os valores exigidos. Já aquelas pessoas que não efetuavam os pagamentos, tinham os veículos encaminhados para os galpões de desmanche, onde, em muitos casos, um caminhão inteiro era desmontado em menos de 12 horas.
As peças eram, então, adulteradas e encaminhadas para o membro do grupo criminoso que possui uma empresa que atua no ramo de transportes e aluguel de caminhões em Guaíba. O indivíduo redistribuía as peças para diversas cidades gaúchas. Também havia membros que falsificavam documentos, emprestavam veículos para o cometimento dos crimes, entre outras ações criminosas.
As investigações apontam que mais de 50 ocorrências policiais foram vinculadas diretamente aos membros do grupo criminoso, com dezenas de caminhões furtados em diversas cidades gaúchas e centenas de vítimas extorquidas. As ações da quadrilha mapeadas pela Polícia Civil ocorreram de fevereiro de 2023 até abril deste ano.