Sexta-feira, 08 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 9 de outubro de 2024
Diante da iminente chegada do furacão Milton à Flórida, no que pode ser a maior tempestade a atingir o estado em mais de um século, moradores da região apontam para um aumento do número de vídeos ampliando teorias da conspiração e informações falsas sobre a tormenta e sobre as medidas para amenizar os impactos de outro furacão, o Helene, que deixou mais de 200 mortes nos Estados Unidos.
Em publicação no Instagram, o brasileiro Rodrigo Veroneze afirma que vídeos de tempestades passadas e até de filmes estão sendo compartilhados em redes sociais como sendo do furacão Milton. Ao mesmo tempo em que reitera a necessidade de prevenção, ele diz que as informações falsas podem semear pânico desnecessário em áreas que não são de risco, e atrapalhar operações de retirada e resgate.
Milton é considerado uma “bomba atmosférica”, que ganhou força de maneira assustadora, e já reescreveu a história dos furacões: existe a possibilidade de que, por causa de sua força, seja adicionada mais uma categoria à escala Saffir-Simpson, que hoje vai até 5 — os ventos poderiam chegar a até 307 km/h.
E com previsões de ampla destruição e perdas humanas, as teorias da conspiração, como citou o brasileiro, se multiplicam nas redes.
Uma delas atribui a “criação” da tempestade a um programa do governo americano conhecido como Haarp, sigla em inglês para “Programa de Investigação de Aurora Ativa de Alta Frequência”, associado não apenas ao Milton, mas a eventos catastróficos nos EUA e no mundo, incluindo o terremoto no Haiti de 2010 e as chuvas no Rio Grande do Sul. Segundo os vídeos conspiracionistas, o Haarp é capaz de controlar o clima e criar desastres com o apertar de um botão, algo que não passa sequer perto de seu real propósito, que é estudar as camadas superiores da atmosfera.
“As ondas de rádio nas faixas de frequência que o HAARP transmite não são absorvidas nem na troposfera nem na estratosfera, os dois níveis da atmosfera que produzem o clima da Terra. Como não há interação, não há como controlar o clima”, afirma o operador do sistema em sua página de perguntas e respostas.
Não são apenas contas de cidadãos comuns no Telegram, X, Reddit e Truth Social que divulgam esse tipo de desinformação.
“Sim, eles podem controlar o clima”, escreveu a deputada republicana Marjorie Taylor Greene no X, durante o furacão Helene. “É ridículo alguém mentir e dizer que isso não pode ser feito.”
Segundo Greene e outros conspiracionistas, o objetivo seria “matar o máximo possível” de republicanos na Florida e em outros estados do sul dos EUA, região que tem votado com o partido nas últimas eleições.
Imagens criadas
Os deepfakes — imagens criadas ou alteradas por Inteligência Artificial (IA)— também ganham força antes da chegada de Milton. Em artigo publicado nesta terça-feira, a revista Forbes apresenta a imagem de uma menina supostamente resgatada na Carolina do Norte. Ela aparece chorando com um filhote de cachorro nos braços, a bordo de um bote, em meio à inundação. Mas um detalhe denunciou a mentira: a criança tinha muitos dedos (um erro comum de imagens geradas por IA).
“As fotos do furacão demonstram os desafios atuais com a desinformação e as mídias sociais”, afirmou Cayce Myers, especialista em mídia e professor da Universidade Virginia Tech, em entrevista ao site da instituição. “O problema é que essas imagens falsas influenciam a percepção das pessoas sobre a realidade, e as mídias sociais alimentam a disseminação dessa desinformação. O efeito final pode ser prejudicial à sociedade, especialmente ao lidar com questões importantes como democracia e saúde pública.”
Os fakes vêm de todos os campos do espectro político: durante as inundações causadas pelo Helene, imagens do presidente dos EUA, Joe Biden, e do ex-presidente Donald Trump resgatando pessoas e animais receberam muitos likes e foram compartilhadas milhares de vezes. Obviamente, ambas eram falsas, e foram criadas por IA. As informações são do jornal O Globo.