Domingo, 05 de maio de 2024

Choque de peixe-elétrico da Amazônia pode acender lâmpadas e até matar cavalo; entenda

O peixe-elétrico que atingiu um jovem e o deixou internado com metade do corpo paralisado no Sul do Amapá é também conhecido como poraquê, nativo da Região Amazônica, encontrado em áreas alagadas e pode atingir uma tensão de 650 a 860 volts, dependendo da espécie. Electrophorus voltai e Electrophorus varii foram as espécies descritas mais recentemente por cientistas, em 2019. Elas emitem uma voltagem altamente perigosa, com impacto capaz de acender lâmpadas e até matar um cavalo.

A espécie tem hábitos noturnos e costuma se alimentar de outros peixes, alguns mamíferos e até insetos. Dessa forma, quando os estímulos nervosos do animal são transformados em eletricidade, a descarga emitida pode ser fatal a seres humanos.

Apesar da alta voltagem, o animal não é capaz de emitir energia suficiente para ligar aparelhos e eletrodomésticos. As espécies geram pulsos elétricos e não correntes contínuas, necessárias para utilizar a tecnologia. Por isso, as baixas amperagens conseguem apenas acender lâmpadas.

Lucas Rocha Oliveira, de 18 anos, foi internado no Hospital Estadual de Laranjal do Jari após dar entrada no local vítima de um ataque de poraquê. Testemunhas acreditam que o animal surgiu na área urbana devido às fortes chuvas que atingem o município desde março, causando o aumento no nível do Rio Jari, o principal da região e que nos últimos dias atingiu uma marca histórica, superando os 3 metros, alagando a maioria dos bairros.

Vídeo divulgado nas redes sociais mostra a família levando Lucas em uma canoa até a unidade de atendimento, onde deu entrada na sexta-feira (29). As imagens mostram o menino em estado de choque, com parte do corpo tremendo.

Raimundo Nonato Gomes, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e especialista em pesquisas sobre os poraquês, explicou que possivelmente o animal estava no local por conta da cheia do rio.

“O poraquê finaliza o período reprodutivo quando há inundações, já que os ninhos são submersos e ele respira ar. Dessa forma, não há local para que ele faça o ninho, então a tendência é que ele fique forrageando [procurando] em busca de comida. O poraquê acompanha o alagamento para caçar a alimentação”, explicou Raimundo.

Ainda segundo o cientista, o animal costuma atacar e se defender de possíveis predadores. Para isso, pode lançar dois tipos de sinais elétricos: o mais fraco, utilizado para se localizar no ambiente e para a comunicação com outros animais da mesma espécie; e o mais forte, aplicado em presas e ataques a predadores.

O cientista estima que o animal que atacou o jovem tenha sido um macho, já que segundo os relatos das testemunhas ao hospital, o poraquê tinha aproximadamente 2 metros de comprimento e as fêmeas não chegam a tamanhos grandes como esse.

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